Antífona da entrada: Com grande alegria rejubilo-me no Senhor, e
minha alma exultará no meu Deus, pois me revestiu de justiça e salvação, como a
noiva ornada de suas joias (Is 61,10)
Leituras: Est 5,1-2;7,2-3; Sl 44(45),11-12a.12b-13.14-15a.15b-16
(R/.11-12a); Ap 12,1.5.13a.15-16a; Jo 2,1-11
Hoje é o dia da Padroeira do
Brasil e das crianças. Coloquemos sob a proteção de Nossa Senhora todas as
crianças do Brasil e do mundo, e cada um de nós, pois “se não vos
transformardes e vos tornardes como criancinhas, não entrareis no Reino dos
céus” (Mt 18,3). O Evangelho de hoje é aquele das bodas de Caná (Jo 2,1-11) e,
ao escutarmos o conselho de Maria, “fazei o que ele vos disser” (J0 2,5), não
só entendemos que a devoção a Nossa Senhora nos conduz sempre a Jesus, mas
também aprendemos a acolher o Evangelho com um renovado ardor, também no que se
refere ao fato da nossa filiação divina e do nosso “ser criança”. É importante
que cada um de nós se transforme numa criancinha, aos pequenos está prometido o
Reino. Pode vir à nossa mente aquelas palavras de Nicodemo a Jesus: mas, “como
pode um homem renascer, sendo velho? Porventura pode tornar a entrar no seio de
sua mãe e nascer pela segunda vez?” (Jo 3,4). Talvez a historinha abaixo nos
ajude a ver a complexidade do assunto.
Eram uma vez, dois vizinhos. O primeiro
comprou um coelho como bichinho de estimação para os filhos. Quando os filhos
do outro vizinho viram o animalzinho, foram correndo aos seus pais e pediram
que comprassem um bicho para eles. O pai da família acedeu e comprou um pastor
alemão. Pra quê? Então, os dois vizinhos se enfrentaram numa discussão:
- puxa vida, ele vai comer o meu
coelho.
- como você pensar uma coisa
dessas. Imagine só: os dois animais são filhotes, eles vão crescer junto e
serão amigos. Não se preocupe, dou a minha palavra, eu entendo de animais.
O outro vizinho parece que se
convenceu e, com o passar do tempo, se viu que o dono do pastor alemão tinha
razão. Os dois animais iam crescendo juntos e era normal ver o cachorro e o
coelho compartindo terreno. As crianças estavam felizes. Mas, um belo dia, o
dono do coelho foi, com a família, passar o final de semana na fazenda. Saíram
na sexta-feira. O coelho não foi. No domingo, aconteceu algo que causou dor e
indignação em todos: de repente, o cachorro aparece com o coelhinho sujo de
terra, arrebentado e entre os dentes, o coelho estava totalmente morto. Imagine
a reação do dono do cachorro: irado, espancou o cachorro, quase matou o animal.
E agora, o que fazer quando o vizinho chegar? Pensaram, pensaram, e encontraram
uma solução: deram um banho no coelho pra lá de morto, secaram-no com o secador
da mãe e o colocaram na “casinha do coelho”, no quintal do vizinho.
Quatro horas depois, os vizinhos
chegaram. As crianças gritaram! Descobriram horrorizadas! Cinco minutos depois,
estava o dono do coelho à porta do dono do cachorro. Assustado, lívido, parecia
que tinha visto pelo menos uns dois fantasmas.
- vizinho, o que aconteceu?
- o coelho… o coelho…
- Mas, o que aconteceu com o
coelho?
- Morreu!
- Morreu? Se ontem tinha tão bom
aspecto…
- Morreu na sexta-feira e as
crianças o tinham enterrado no quintal, mas… apareceu na casinha.
- na sexta-feira?
Quem ler essa historinha estará
de acordo comigo que o protagonista é o cachorro. Imagine só: o pobre animal
que, desde sexta-feira, procurava em vão pelo amigo de infância, o coelho.
Depois de muito farejar descobre o corpo. Morto. Enterrado. O que ele faz?
Provavelmente com o coração partido, desenterra o pobrezinho e vai mostrar para
os seus donos. Talvez estivesse até chorando, quando começou a ser espancado. O
cachorro é o herói!
E o homem continua achando que um
banho, um secador de cabelos e um perfume disfarçam a hipocrisia, o animal
desconfiado que existe dentro de nós. Julgamos os outros pela aparência, mesmo
que tenhamos que deixar esta aparência como melhor nos convir: maquiada.
Perdemos a inocência pelo pecado e a recuperamos pela graça. Nossa Senhora nos
ajudará a guarda-la para que sejamos essas crianças que Deus quer, ou seja,
sempre pequenos diante do Deus incomensurável, sempre discípulos diante do
Divino Mestre, sempre necessitados diante do Todo-poderoso, sempre filhos
diante dum Pai bondoso.
Lembremo-nos que Nossa Senhora
apareceu nas águas do rio Paraíba em 1717, em São Paulo. A partir daquele dia
nunca mais deixou de ajudar o Povo brasileiro, de consolá-lo e de conduzir cada
pessoa ao Coração de Jesus. Ela quer que sejamos bons filhos, virtuosos,
compreensivos, santos e que um dia lhe demos um abraço no céu. “Fazei tudo o
que ele vos disser”, é o conselho da nossa querida Mãe do céu. Dessa maneira
seremos crianças diante de Deus, venceremos essa capacidade que temos de julgar
os outros sem muita misericórdia e aprenderemos a compreender os demais.
Pe. Françoá Costa
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