PARTE 1
Maria no projeto trinitário
A relação do Bem-aventurado Tiago Alberione com
Maria, a Mãe de Jesus, foi tecida, ao mesmo tempo, de devoção, reflexão e ação.
O título que mais amou e propagou foi o de Maria,
Rainha dos Apóstolos. Na realidade, este título era inseparável de outros dois:
Maria Mãe e Mestra.
Tratava-se de uma herança recebida de Leão XIII, que na
encíclica Adjutricem popoli christiani (Auxiliadora do povo cristão
– 05/09/1895) havia declarado que a partir do Cenáculo Maria aceitou e cumpriu
a sua missão de ajudar «admiravelmente os primeiros fiéis com a santidade do
seu exemplo, com a autoridade dos seus conselhos, com a doçura dos seus
incentivos, com a eficácia das Suas orações, tornando-se assim verdadeiramente
mãe da Igreja e mestra e rainha dos Apóstolos, aos quais comunicou também aqueles
divinos oráculos que ela “conservava ciosamente no seu coração”»
É na ação onde transparece de modo tangível a
devoção a Nossa Senhora por parte do Padre Alberione, ou seja, em tudo aquilo
que ele promoveu para torná-la conhecida, amada e seguida. São numerosos seus
escritos marianos. Inspirou a ícone da Rainha dos Apóstolos. Fez o filme “Mater
Dei”, primeiro filme italiano inteiramente a cores. Construiu o Santuário
Basílica Rainha dos Apóstolos, que cobre uma superfície de 2.883 metros
quadrados, ocupa um volume de 109.574 metros cúbicos e tem a altura de 101,47
m., do pavimento ao alto da cúpula, que é a quarta maior da cidade de Roma.
Foi em vista da decoração deste santuário que no
Natal de 1947 o Padre Alberione pôs por escrito seus estudos e reflexões
marianas, no livrinho O Caminho da Humanidade (em latim: Via
Humanitatis - abrev.= VH)[1].
Este título encerra uma verdadeira chave para
interpretar o pensamento teológico e mariano do Padre Alberione e constitui,
também, a sua proposta de contemplação do mistério cristão, não unicamente ao
redor da vida de Cristo (como na via crucis ou nos mistérios do rosário), mas
partindo do desígnio trinitário da criação e percorrendo toda a História da
Salvação até seu cumprimento final.
O caminho da humanidade é assim traçado no Proemio
da Via Humanitatis: “Tudo vem de Deus-Princípio; para voltar a Deus-Fim:
para a sua gloria e para a felicidade do homem”.
Mas o Caminho é Cristo Caminho, Verdade e Vida, e é
nele que se realiza a adoção e a herança dos filhos de Deus: “O homem e a
humanidade per Cristo invisível, na Igreja visível têm todo o bem temporal e
eterno. Todos os filhos são esperados na casa do Pai celeste; cada um deles,
por Maria, pode encontrar o Caminho-Cristo. Todos a indiquem com espírito de
caridade e de apostolado”.
No primeiro quadro da Via Humanitatis o Padre
Alberione propõe a seguinte contemplação: “A Santíssima Trindade beatíssima
recolhe-se em conselho: do qual nasce o decreto: “Façamos o homem a imagem e
semelhança nossa”. Maria Santíssima na mente de Deus é prevista obra-prima da
criação. Deus é o primeiro Princípio e o último Fim de toda a criação”.
Encontramos no Documento de Aparecida uma afirmação que resume
praticamente o pensamento do Padre Alberione: “A Virgem Maria é a imagem
esplêndida da conformação ao projeto trinitário que se cumpre em Cristo. Desde
a sua Concepção Imaculada até sua Assunção, recorda-nos que a beleza do ser
humano está toda no vínculo do amor com a Trindade, e que a plenitude de nossa
liberdade está na resposta positiva que lhe damos”(N. 141).
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