terça-feira, 6 de novembro de 2012

Se os evangelizadores não forem santos fica difícil ajudar os outros (Parte 1)


Dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Brasília, explica de forma concreta o texto da mensagem final do Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização

Maria Emília Marega

ROMA, segunda-feira, 05 de novembro de 2012(ZENIT.org) – A Mensagem final da XIII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização para a transmissão da fé cristã reflete uma Igreja Viva, pronta para enfrentar os desafios e problemas do nosso tempo.
Para aprofundar a mensagem de forma concreta ZENIT conversou com Dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Brasília, que participou da comissão responsável por redigir o texto.

O senhor foi convocado pelo Papa para compor a comissão responsável por redigir a mensagem final do Sínodo dos Bispos. Como foi?
Dom Sérgio: Para mim foi uma surpresa! Eu na verdade não tinha sido comunicado diretamente, foi em plenário que eu fiquei sabendo da nomeação. Eram 12 bispos representando os 5 continentes; da América, o cardeal de New York e eu, podemos dizer, representando a América Latina. Trabalhamos em conjunto, partilhamos um pouco da experiência que vivemos no próprio continente.

O que significou esta convocação inesperada para a América Latina?
Dom Sergio: Foi muito importante. Os próprios bispos viram neste gesto do Papa, de fato, um gesto de reconhecimento da importância da Igreja que está no Brasil e na América Latina.

Quais foram as novidades desta mensagem?
Dom Sérgio: Uma das novidades do texto atual é que ao final os Padres Sinodais se dirigem especificamente aos 5 continentes. No caso da América Latina foi expresso um pouco da realidade latino americana, tanto os valores como os desafios, na verdade, vão muito além do que o próprio texto consegue expressar.
A mensagem quer expressar a Catolicidade da Igreja sem menosprezar o que é próprio de cada região e por isso tem essa índole geral e somente no final dirige uma palavra específica de apoio, gratidão, esperança e também alguma orientação para cada um dos 5 continentes. Nisto se manifesta a Catolicidade: a Igreja é Uma na diversidade, o mistério Trinitário da Igreja.
A mensagem não quer e não deve ser um resumo do Sínodo, ela é uma referência significativa enquanto não se tem a Exortação Apostólica, que é post-sinodal e demora um pouco, a anterior demorou quase 2 anos. O texto atual é mais longo, pois quis acolher grande parte das reflexões. Apesar de conter grandes aspectos que foram destacados durante a assembléia, não são todos, as proposições são mais completas.

O que foi colocado em evidência para a América Latina?
Dom Sérgio: O texto fala da gratidão à América Latina pelo seu testemunho e destaca a piedade popular como um dos grandes valores; também consta o serviço da caridade e o diálogo com as culturas locais que hoje é também, o diálogo com as culturas modernas.
Os desafios destacados foram: a pobreza, a violência e as novas denominações religiosas.
Como propostas para a América Latina os Bispos recomendam aquilo que está no documento de Aparecida: uma Igreja em estado permanente de missão formando comunidades de discípulos missionários de Jesus Cristo.

Para o senhor o que ficou mais marcado?
Dom Sergio: Eu pessoalmente vejo a referência da Samaritana como um dos aspectos mais genuínos dessa mensagem, embora apareça pouco, em 2 momentos, sobretudo, ilumina a própria mensagem. O primeiro momento é o encontro com Cristo na beira do poço, as condições que ela trazia e a água que Jesus oferece, a água viva; o poço transformando a vida dela. Não dá para fazer Nova Evangelização sem o encontro com Cristo que está na origem e na finalidade. Nós queremos partir do encontro com Cristo e levar as pessoas ao encontro com Cristo. É um encontro que pressupõe conversão, uma vida nova.

Como orientar as pessoas que buscam este poço e têm sede, mas estão perdidas?
Dom Sérgio: Os evangelizadores devem vivenciar, fazer esta experiência do encontro com Cristo; não dá para somente convidar os outros. A Samaritana vai ao encontro do povo e conta a experiência dela, que é muito importante, mas existe um terceiro passo quando as pessoas dizem que já não estão mais acreditando apenas porque ela falou, mas porque eles também fizeram essa mesma experiência, que é contagioso. Nós levamos para os outros o nosso testemunho, porém queremos que eles também façam a mesma experiência.

E como levar as pessoas a esta experiência do Encontro com Cristo?
Dom Sérgio: Os evangelizadores têm que se dispor à conversão, conforme citado no item 5 da mensagem: evangelizar a nós mesmos e dispor-nos à conversão. Se os evangelizadores não forem santos, não se dispuserem a viver na santidade fica muito difícil ajudar os outros.

A parte 2 desta entrevista será publicada amanhã, quarta-feira (07)

domingo, 4 de novembro de 2012

SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS



Antífona da Entrada: Exultemos de alegria no Senhor, celebrando este dia de festa em honra de Todos os Santos. Nesta solenidade alegram-se os Anjos e cantam louvores ao Filho de Deus.

Leituras: Ap 7,2-4.9-14; Sl 23(24),1-2.3-4ab.5-6(R/. cf. 6); 1Jo 3,1-3; Mt 5,1-12a

“Festejamos a cidade do céu, a Jerusalém do alto, nossa mãe, onde nossos irmãos, os santos, vos cercam e cantam eternamente o vosso louvor. Para esta cidade caminhamos pressurosos, peregrinando na penumbra da fé” (Prefácio da Missa de todos os Santos). Neste final de semana, olhamos para cima, buscando as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita do Pai (cf. Cl 3,1), pois Deus, que nos fez para a comunhão com Ele na eternidade, não pensou para nós o nivelamento no pecado, na maldade, na corrupção. Fomos feitos para a perfeição, para a santidade. Ser santos é nossa vocação, partindo da santidade que é dom recebido no Batismo (1 Jo 3,1-3), para percorrer os passos da santidade moral, dever de todo cristão.

O reconhecimento da santidade de homens e mulheres, quando a Igreja celebra beatificações ou canonizações, como fez há poucos dias o Papa Bento XVI (cf. Homilia do Papa Bento XVI, no dia 21 de outubro de 2012), quer mostrar a todas as pessoas, de todas as classes sociais, idades e vocações, que a proposta da vivência do Evangelho lhes é igualmente destinada.

São Jacques Berthie, sacerdote jesuíta francês, missionário em Madagascar, lutou contra a injustiça, levando alívio aos pobres e enfermos. Os malgaxes o consideravam um sacerdote vindo do céu, e diziam: Tu és o nosso "pai e mãe"! Morreu dizendo: «Prefiro antes morrer que renunciar à minha fé». Retidão e coerência na profissão de fé como bússola para a própria vida!

São Pedro Calungsod, catequista, evangelizador, mártir! Demonstrou grande fé e caridade, e continuou catequizando os seus muitos convertidos, dando testemunho de Cristo através de uma vida de pureza e dedicação ao Evangelho. A estrada da santidade é feita também para os jovens, dos quais se espera respostas corajosas!

São Giovanni Battista Piamarta, sacerdote de Brescia, na Itália, apóstolo da caridade e da juventude, dedicou-se ao progresso cristão, moral e profissional das novas gerações, com a sua esplêndida humanidade e bondade, com confiança inabalável na Providência Divina e profundo espírito de sacrifício. O segredo da sua vida, intensa e ativa, residia nas longas horas que ele dedicava à oração. Quando estava sobrecarregado pelo trabalho, aumentava o tempo do encontro, de coração a coração, com o Senhor. Ser santo é ser criativo, buscar saídas novas para os problemas, olhar ao redor para descobrir o que é possível fazer para melhorar o mundo.

Santa Maria del Carmelo Salles y Barangueras, religiosa espanhola deixou a herança de uma obra educativa confiada à Virgem Imaculada, que continua a dar frutos abundantes entre os jovens e através da entrega generosa das suas filhas que, como ela, se confiam ao Deus que pode tudo. Santidade é contagiar outras pessoas com otimismo e virtude! Quem vai atrás de Jesus Cristo é seguido pelas outras pessoas, pois o exemplo arrasta!

Santa Marianne Cope, alemã, cuidou dos leprosos no Havaí, aceitou o convite para abrir uma casa para mulheres e meninas na Ilha de Molokai, partindo com coragem, onde cuidou do Padre Damião, então já famoso pelo seu trabalho heroico com os leprosos, assistindo-o até a sua morte e assumindo o seu trabalho com os leprosos. Procura-se gente que aceite desafios! Inscrições abertas em nossas Igrejas!

Santa Kateri Tekakwitha, indígena, filha de pai Mohawk e de mãe Algoquin cristã, que lhe transmitiu a fé no Deus vivo. Batizada aos vinte anos de idade, manteve-se fiel às tradições culturais do seu povo, morreu com vinte e quatro anos. Levando uma vida simples, Kateri permaneceu fiel ao seu amor por Jesus, à oração e à Missa diária, receitas infalíveis para uma vida de perfeição cristã. Nela, fé e cultura se enriqueceram mutuamente! A ficha para a inscrição na Escola da santidade aceita pessoas de todas as raças, culturas e idades! Sejam também bem vindos os povos indígenas!

A jovem Santa Anna Schäffer, nascida em uma família humilde, conseguiu, trabalhando como doméstica, ajuntar o dote então necessário para poder entrar na vida religiosa. Neste emprego, sofreu um grave acidente com queimaduras incuráveis nos seus pés, que a prenderam em um leito pelo resto da vida. Seu quarto de enferma se transformou em uma cela conventual, e o seu sofrimento, em serviço missionário. Seu apostolado de oração e de sofrimento, de oferta e de expiação seja um exemplo luminoso e que a sua intercessão fortaleça a atuação abençoada dos centros cristãos de curas paliativas para doentes terminais. A vaidade pessoal superada, a oferta da vida a Deus e aos irmãos, sem perder tempo! Um roteiro na estrada das pessoas que “decidem em seu coração fazer a santa viagem”! (cf. Sl 83,6)

Esta é, quem sabe, uma nova espécie de ladainha, à qual se pode acrescentar uma lista de nomes e estilos de vida, inclusive o meu e o seu! Seja uma sadia propaganda para que as propostas das bem-aventuranças (Mt 5,1-12) encontrem eco no coração dos homens e mulheres de nosso tempo.

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo Metropolitano de Belém

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Na própria definição do homem está a alternativa entre a morte e imortalidade



JOÃO PAULO II

AUDIÊNCIA GERAL

Quarta-feira, 31 de Outubro de 1979


1. Convém voltarmos ainda hoje ao significado da solidão original do homem, que se patenteia sobretudo na análise do chamado texto javista de Génesis 2. Permite-nos o texto bíblico, como já verificamos nas precedentes reflexões, pôr em relevo não só a consciência do corpo humano (o homem é criado no mundo visível como «corpo entre os corpos»), mas também a do seu significado próprio.

Tendo em conta a grande concisão do texto bíblico, não se pode, sem mais, ampliar muito este encadeamento. É porém certo que tocamos aqui o problema central da antropologia. A consciência do corpo parece identificar-se neste caso com o descobrimento da complexidade da própria estrutura que, baseada numa antropologia filosófica, consiste afinal na relação entre a alma e o corpo. A narrativa javista com a própria linguagem (isto é, com a sua própria terminologia) exprime-o dizendo: O Senhor Deus formou o homem do pó da terra e insuflou-lhe pelas narinas o sopro da vida, e o homem transformou-se num ser vivo*. E precisamente este homem, «ser vivo», distingue-se em seguida de todos os outros seres vivos do mundo visível. O que leva a concluir a existência deste «distinguir-se» do homem, é exactamente o facto de só ele ser capaz de «cultivar a terra» (Cfr. Gén. 2, 5) e de «a dominar» (Cfr. Gén. 1, 28). Pode dizer-se que a consciência da «superioridade», inscrita na definição de humanidade, nasce desde o princípio baseada num actuar ou comportar-se tipicamente humano. Esta consciência traz consigo especial percepção do significado do corpo em si, percepção que resulta de tocar ao homem «cultivar a terra» e «dominá-la». Tudo isto seria impossível sem uma intuição tipicamente humana do significado do corpo em si.

2. Parece pois necessário falar antes de tudo deste aspecto, deixando para depois o problema da complexidade antropológica em sentido metafísico. Se a descrição original da consciência humana, indicada pelo texto javista, compreende, no conjunto da narrativa, também o corpo, se ela encerra quase o primeiro testemunho do descobrimento da própria corporeidade (e mesmo, como foi dito, a percepção do significado do próprio corpo), tudo isto se revela não com base numa concreta subjectividade do homem que seja bastante clara. O homem é um sujeito não só para a sua autoconsciência e autodeterminação, mas também com base no próprio corpo. A estrutura deste corpo é tal que lhe permite ser o autor duma actividade verdadeiramente humana. Nesta actividade o corpo exprime a pessoa. Ele é portanto, em toda a sua materialidade («formou o homem do pó da terra»), quase penetrável e transparente, de maneira que evidencia quem é o homem (e quem deveria ser) graças à estrutura da sua consciência e da sua autodeterminação. Nisto se apoia a percepção fundamental do significado do corpo em si, que não se pode deixar de descobrir ao analisar a solidão original do homem.

3. Ora, com tal compreensão fundamental do significado do próprio corpo, o homem, como sujeito da antiga Aliança com o Criador, é colocado diante do mistério da árvore do conhecimento. Podes comer do fruto de todas as árvores do jardim, mas não comas o da árvore da ciência do bem e do mal, porque no dia em que o comeres, certamente morrerás (Gén. 2, 16-17). O significado original da solidão do homem baseia-se em experimentar a existência, existência que ele obteve do Criador. Tal existência humana caracteriza-se precisamente pela subjectividade, que também inclui o significado do corpo. Mas o homem, que na sua consciência original conhece apenas a experiência do existir e portanto da vida, poderia ele compreender o que significou a palavra «morrerás»? Seria capaz de chegar a compreender o sentido desta palavra através da estrutura complexa da vida, que lhe foi dada quando «O Senhor Deus ... lhe insuflou pelas narinas o sopro da vida ...»? É necessário admitir que esta palavra, completamente nova, apareceu no horizonte da consciência do homem antes que ele lhe tivesse nunca experimentado a realidade, e que ao mesmo tempo esta palavra apareceu diante dele como radical antítese de tudo aquilo de que o homem fora dotado.

O homem ouviu pela primeira vez a palavra «morrerás», sem ter com ela qualquer familiaridade na experiência feita até então; mas, por outro lado, não podia deixar de associar o significado da morte àquela dimensão de vida de que tinha gozado até esse momento. As palavras de Deus-Javé dirigidas ao homem confirmavam uma dependência no existir, tal que fez do homem um ser limitado e, por sua natureza, susceptível de não-existência. Estas palavras sugeriram o problema da morte de maneira condicional: «No dia em que o comeres ... morrerás». O homem, que ouvira tais palavras, devia encontrar-lhes a verdade na mesma estrutura interior da própria solidão. E, afinal, dependia dele, da sua decisão e livre escolha, se entraria também com a sua solidão no círculo da antítese que lhe revelara o Criador, juntamente com a árvore do conhecimento do bem e do mal, e assim tornaria própria a experiência do morrer e da morte. Ouvindo as palavras de Deus-Javé, deveria o homem compreender que a árvore do conhecimento lançara raízes não só no «jardim do Éden», mas também na sua humanidade. Ele, além disso, deveria compreender que aquela árvore misteriosa escondia em si uma dimensão de solidão, até essa altura desconhecida, da qual o Criador o tinha dotado no âmbito do mundo dos seres vivos, aos quais ele, o homem — diante do Criador mesmo —, tinha «designado com nomes», para chegar a compreender que nenhum deles lhe era semelhante.

4. Quando pois o significado fundamental do seu corpo já se encontrava estabelecido graças à distinção que o separava do resto das criaturas, quando por isso mesmo se tornara evidente que o «invisível» determina o homem mais que o «visível», então apresentou-se diante dele a alternativa, íntima e directamente ligada por Deus-Javé à árvore do conhecimento do bem e do mal. A alternativa entre a morte e a imortalidade, que deriva de Gén. 2, 17, ultrapassa o significado essencial do corpo do homem, pois inclui o significado escatológico não só do corpo, mas da humanidade mesma, distinta de todos os seres vivos, dos «corpos». Esta alternativa refere-se contudo de modo particularíssimo ao corpo criado do «pó da terra».

Para não prolongar mais esta análise, limitamo-nos a verificar que a alternativa entre a morte e a imortalidade entra, desde o princípio, na definição do homem e que pertence «desde o princípio» ao significado da sua solidão diante do próprio Deus. Este significado de solidão, impregnado pela alternativa entre morte e imortalidade, tem ainda um significado fundamental para toda a teologia do corpo.

Com esta verificação concluímos por agora as nossas reflexões sobre o significado da solidão original do homem. Tal verificação, que deriva de modo claro e impressionante dos textos do Livro do Génesis, leva também a reflectir tanto sobre os textos como sobre o homem, que tem provavelmente consciência demasiado débil da verdade que lhe diz respeito e se encontra já expressa nos primeiros capítulos da Bíblia.

* * *

* A antropologia bíblica distingue no homem não tanto «o corpo» e «a alma» quanto «corpo» e «vida». O autor bíblico apresenta aqui a entrega do dom da vida mediante o «sopro», que não deixa de ser propriedade de Deus: quando Deus o tira, o homem volta ao pó, do qual foi feito (cfr. Job. 34, 14-15; Sl. 104, 29 s.).

Saudações

Aos sacerdotes de Santa Rosa de Osos (Colômbia)
Saúdo com profundo afecto os sacerdotes de Santa Rosa de Osos, que vieram acompanhar o seu Bispo a Roma por ocasião da visita "ad limina".
Nas vossas pessoas saúdo todos os irmãos sacerdotes da vossa querida Diocese. Sede constantes na vossa missão pastoral de conduzir os fiéis por caminhos de autêntica fé, de esperança renovada e de caridade solidária. A todos dou de coração uma especial Bênção.

Aos peregrinos da diocese de Nardò (Itália)
Desejo também dirigir uma afectuosa saudação aos numerosos peregrinos da diocese de Nardò, que, sob a direcção do seu Bispo, D. António Rosario Mennonna, pretendem iniciar aqui, em Roma, junto do Papa, o ano mariano diocesano para maior incremento da vida espiritual da comunidade e para a santificação das almas.
Exprimo-vos o meu vivo apreço por esta iniciativa, que envolve todas as forças melhores da vossa comunidade. Sede interiormente dóceis às sugestões maternais que Maria Santíssima não deixará de vos inspirar neste período, a fim de poderdes testemunhar, perante o mundo, a vossa fé, que se concretize na adesão alegre e total às exigências morais da mensagem de Jesus; a vossa caridade generosa e operosa para com todos aqueles que se encontram em necessidade; e a vossa constante esperança no Senhor nosso Jesus Cristo (cfr. 1 Tess 1, 2 s.).
Com estes votos invoco sobre todos, sobre o vosso Pastor e sobre os Presidentes das Câmaras das administrações municipais da diocese, a abundância das graças do Senhor e concedo-vos, de coração, a minha Bênção Apostólica.

A vários grupos de língua alemã
Saúdo também de maneira especial a grande peregrinação diocesana de Hildesheim, presidida pelo Bispo Auxiliar D. Henrich Pachowiak; saúdo também os peregrinos das Dioceses de Mainz, Limburg e Fulda, assim como os leitores, aqui presentes, da revista familiar "Leben und Erziehen" (Viver e educar).
A vossa peregrinação a Roma e a vossa oração junto do túmulo dos Apóstolos e dos santos, têm por objectivo não só a recordação venerável de defuntos que um dia fizeram grandes coisas por Cristo e pela Igreja, mas dirigem-se, antes de tudo, a irmãos na fé, insignes e exemplares, que hoje vivem na glória e na contemplação beatífica de Deus. A vossa peregrinação é solene confissão da Comunhão dos Santos, que não é algo passado, mas um presente vivo. A Festividade de amanhã, festividade de Todos os Santos, recorda-nos isto mais uma vez. Deus, que é um Deus de vivos, vos encha com o desejo forte de atingir o alto ideal da santidade, graças ao qual também a nossa vida deve encontrar um dia n'Ele a sua total plenitude. E o que vos desejo de coração a todos com a minha Bênção Apostólica.

Aos jovens
Uma saudação particularmente afectuosa para todos os jovens, que também hoje aqui vieram numerosos alegrar esta Audiência geral. Caríssimos, agradeço-vos de coração esta vossa significativa presença, sinal de doação a Cristo, e de comunhão com o seu Vigário na terra. As generosas aspirações do vosso ânimo proporcionam-me sempre muita alegria. Celebrando a Igreja, amanhã, a festa de Todos os Santos, convido-vos, queridos jovens, a dirigir o vosso pensamento para as realidades indefectíveis, razão da nossa esperança, e a tirar exemplo e conforto de quem seguiu o Senhor com adesão heróica, e quer agora ajudar-nos a percorrer com coragem a mesma estrada de salvação. A todos concedo uma especial Bênção.

Aos doentes
Desejo assegurar a todos vós, doentes, que estou particularmente perto de vós, com o coração e a prece, consciente de quão precioso é o vosso sacrifício, o qual, elevando e reforçando os vossos ânimos, é ao mesmo tempo fonte de muita graça para toda a Igreja. Concluindo-se hoje o mês do Rosário, apraz-me convidar-vos a tirar inspiração, alegria e conforto desta oração tão cara à tradição cristã. Dirigi constantemente o vosso olhar para a Virgem Santíssima: ela, que é a Mãe das Dores e também a Mãe da Consolação, pode compreender-vos até ao fundo e socorrer-vos.
Olhando para Ela, rezando-Lhe, obtereis que o vosso tédio se torne serenidade, a vossa angústia se mude em esperança, e o vosso sofrimento se transforme em amor. Acompanho-vos com a minha Bênção, que de boa vontade faço extensiva a todos aqueles que vos assistem.

Aos jovens Casais
E agora dirijo-me a vós, queridos jovens casais, para vos apresentar as minhas paternais felicitações, que são ao mesmo tempo convite à confiança e à alegria. A alegria, desabrochada nos vossos corações com a graça do Sacramento, vos acompanhe por toda a vida e vos ajude a vencer as tentações que derivam do egoísmo, o grande inimigo da união familiar. Fazei que as novas famílias — nascidas do vosso livre consentimento, vivificado e tornado oferta de amor pela presença de Cristo — sejam sempre acompanhadas da vontade constante e recíproca de bem; permaneçam sólidas na rocha da unidade e da fidelidade; sejam ricas daquelas virtudes cristãs que fundam e garantem a prosperidade do lar doméstico. Acompanho estes votos com a minha Bênção.

sábado, 27 de outubro de 2012

Apresentada a Mensagem final do Sínodo



SEX, 26 DE OUTUBRO DE 2012 15:24 / ATUALIZADO - SEX, 26 DE OUTUBRO DE 2012 15:29
POR:      RÁDIO VATICANO


Momentos finais do Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização, que se encerra no sábado, 27/10, no Vaticano. O penúltimo dia foi de intenso trabalho para os padres sinodais, na presença do Santo Padre. Pela manhã, os participantes aprovaram a Mensagem do Sínodo dos Bispos para o Povo de Deus, na conclusão da 13ª Assembleia Geral. O texto foi apresentado ao público na Sala de Imprensa da Santa Sé, em coletiva de imprensa.

Participaram da coletiva o Presidente da Comissão para a Mensagem, Card. Giuseppe Betori, o Secretário Especial, Dom Pierre Marie Carré, o Diretor da Sala de Imprensa, Pe. Federico Lombardi, e mais dois membros da Comissão.

No texto, divido em 14 pontos, os padres sinodais afirmam que conduzir os homens e as mulheres do nosso tempo a Jesus é uma urgência que diz respeito a todas as regiões do mundo, de antiga e recente evangelização. Não se trata de recomeçar do zero, mas de inserir-se num longo caminho de proclamação do Evangelho que, desde os primeiros séculos da era cristã até hoje, percorreu a História e edificou comunidades de fiéis em todas as partes do mundo, fruto da dedicação de missionários e de mártires.

Caminho que começa com o encontro pessoal com Jesus Cristo e com a escuta das Escrituras. “Para evangelizar o mundo, a Igreja deve, antes de tudo, colocar-se à escuta da Palavra”, escrevem os Padres sinodais, ou seja, o convite a evangelizar se traduz num apelo à conversão, a começar por nós mesmos.

Os Bispos apontam como lugar natural da primeira evangelização a família, que desempenha um papel fundamental para a transmissão da fé. Diante das crises pelas quais passa essa célula fundamental da sociedade, com inúmeros laços matrimoniais que se desfazem, os Padres Sinodais se dirigem diretamente às famílias de todo o mundo, para dizer que o amor do Senhor não abandona ninguém, que também a Igreja as ama e é casa acolhedora para todos.

Os jovens também são destinatários da Mensagem do Sínodo, definidos “presente e futuro da humanidade e da Igreja”. A nova evangelização encontra nos jovens um campo difícil, mas promissor, como demonstram as Jornadas Mundiais da Juventude.

Os horizontes da nova evangelização são vastos tanto quanto o mundo, afirma o Sínodo, portanto é fundamental o diálogo em vários setores: com a cultura, a educação, as comunicações sociais, a ciência e a economia. Fundamental é o diálogo inter-religioso que contribua para a paz, rejeita o fundamentalismo e denuncia a violência contra os fiéis, grave violação dos Direitos Humanos.

Na última parte, a Mensagem se dirige à Igreja em cada região do mundo: às Igrejas no Oriente, faz votos de que possa praticar a fé em condições de paz e de liberdade religiosa; à Igreja na África pede que desenvolva a evangelização no encontro com as antigas e novas culturas, pedindo aos governos que acabem com conflitos e violências.

Os cristãos na América do Norte, que vivem numa cultura com muitas expressões distantes do Evangelho, devem priorizar a conversão e estarem abertos ao acolhimento de imigrantes e refugiados.

Os Padres Sinodais se dirigem à América Latina com sentimento de gratidão. “Impressiona de modo especial como no decorrer dos séculos tenha se desenvolvido formas de religiosidade popular, de serviço da caridade e de diálogo com as culturas. Agora, diante de muitos desafios do presente, em primeiro lugar a pobreza e a violência, a Igreja na América Latina e no Caribe é exortada a viver num estado permanente de missão, anunciando o Evangelho com esperança e alegria, formando comunidades de verdadeiros discípulos missionários de Jesus Cristo, mostrando no empenho de seus filhos como o Evangelho pode ser fonte de uma nova sociedade justa e fraterna. Também o pluralismo religioso interroga as Igrejas da região e exige um renovado anúncio do Evangelho.”

Já a Igreja na Ásia, mesmo constituindo uma minoria, muitas vezes às margens da sociedade e perseguida, é encorajada e exortada à firmeza da fé. A Europa, marcada por uma secularização agressiva, é chamada a enfrentar dificuldades no presente e, diante delas, os fieis não devem se abater, mas enfrentá-las como um desafio. À Oceania, por fim, se pede que continue pregando o Evangelho.

A Mensagem se conclui fazendo votos de que Maria, Estrela da nova evangelização, ilumine o caminho e faça florescer o deserto.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Dom Filippo Santoro: Um bom exemplo de fé, vale mais do que mil palavras


Padre Sinodal, Arcebispo de Taranto, conta sua experiência
Salvatore Cernuzio

ROMA, terça-feira, 23 de outubro de 2012(ZENIT.org) – Falta menos de uma semana para a conclusão da XIII assembléia do Sínodo dos Bispos dedicada a Nova Evangelização para a transmissão da fé. Muitas idéias emergiram da assembléia, sobretudo a de dar vida a uma evangelização que envolva todos os âmbitos e aspectos do ser humano, colhendo os desafios da sociedade de hoje. Sobre isto falou a ZENIT, Dom Filippo Santoro, arcebispo de Taranto, nomeado Padre Sinodal por Bento XVI.

ZENIT: Excelência, o senhor teve diversas experiências como Bispo e missionário no Brasil. Quais são, segundo o senhor, os conselhos aos sacerdotes e ao povo católico para a redescoberta de uma fé sólida e alegre, neste ano dedicado à Fé?
Dom Santoro: Com certeza retornar à Palavra. É um aspecto que não pode ser ignorado, elemento constitutivo e alimento da vida de fé. Receber os sacramentos com mais frequência e doar-se aos outros. As Escrituras Sagradas dizem que: a fé sem obras é vã. E amar os outros, seja o colega de trabalho, a esposa, o amigo em dificuldade, trazendo seu próprio testemunho de fé e de coerência de vida. Um bom exemplo vale mais do que mil palavras.

ZENIT: O Sínodo está agora em fase de conclusão. No entanto, muitos fiéis ainda o vêem como algo distante do cotidiano e dos problemas das pessoas. O senhor poderia explicar por que o Santo Padre escolheu realizar esta grande assembléia e, em função dos trabalhos realizados até agora, o que esta pode trazer à Igreja?
Dom Santoro: O Sínodo é a atuação concreta do caminho de comunhão da Igreja: as alegrias, esperanças, dúvidas e problemas são apresentados nesta assembléia extraordinária que segue um fio condutor. Não é um evento distante porque nós pastores, em nossas realidades de referência estamos tentando difundir a mensagem do Sínodo. A 'sorte' da Igreja é ser católica ou universal. No Sínodo se respira a visão mundial da família de Jesus, não é difícil entender que se trata de uma grande oportunidade, onde os irmãos de todo o mundo escutam a voz uns dos outros através dos pastores, que são os Padres Sinodais.

ZENIT: Bispos de todo o mundo se reuniram para falar sobre a Nova Evangelização, expressão que consiste num conceito amplo. Como é possível conseguir isso? E como, depois do Sínodo, as práticas pastorais poderão mudar?
Dom Santoro: Há uma mensagem que permanece inalterada, embora o céu e a terra passem, as palavras do Evangelho, nunca vão mudar, porque Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre ... . O Evangelho nos ensina sempre que devemos reconhecer os sinais dos tempos, pois o Evangelho deve ser encarnado no mundo em que é anunciado. Não é uma "carta morta", mas palavra viva! A nova evangelização nasce de um olhar mais amplo para o mundo, um olhar do bem, não há mundo que não mereça redenção. A prática pastoral ordinária deve ser sempre repensada a partir disto. Deve ser aceito cada desafio e cada necessidade, como matéria de discernimento, mas sem improvisação. O pensar com o sentimento comum da Igreja universal é garantia de verdade e autenticidade.

ZENIT: O senhor realizou um grande trabalho de reconciliação no conflito entre os que gostariam de fechar o Ilva e os trabalhadores que querem restaurar o sistema, mantendo e melhorando o trabalho. Qual é o seu pensamento sobre o assunto, lembrando o recente decreto do Governo para a remediação de Taranto sobre a poluição industrial?
Dom Santoro: Taranto é uma cidade que me fez sentir acolhido desde o primeiro dia de ministério. Esta recepção calorosa, no entanto, não combina com a tendência de colocar seus próprios interesses acima do bem comum. Todos acreditam que têm a solução no bolso, mas não é assim. Você não pode promover um direito sobre outro porque os danos em ambos os casos, seriam incalculáveis. Meu trabalho tem sido até agora de chamar os partidos para a unidade e o diálogo. A conclusão se deu com uma procissão no bairro Tamburi, o mais afetado pela poluição, com a participação de sindicatos e ambientalistas, trabalhadores e cidadãos comuns. Espero que esta autorização ambiental integrada possa unir as necessidades daqueles que têm medo de perder seus empregos com as de quem, justamente, pedem ar puro e garantias para o próprio futuro e o dos seus filhos.

ZENIT: Algumas semanas atrás, alguns trabalhadores do Ilva (indústria que se ocupa da produção e transformação do aço) protestaram no alto do pórtico do auto-forno 5 e da chaminé E312, a dezenas de metros de altura, arriscando suas vidas. Voltando ao discurso da Nova Evangelização, como é possível levar esperança aos corações destas pessoas que aparentemente a perderam?
Dom Santoro: Não existe receita diferente a não ser a do acolher o outro. Àqueles trabalhadores eu levei o abraço da Igreja e eles foram revitalizados. A fé é nutrida graças à experiência de Deus que fazemos em um encontro real, aquele com o sorriso de um irmão, uma palavra de conforto.

ZENIT: Então, o anúncio do Evangelho pode ser feito também em uma particular situação social?
Bispo Santoro: Claro! È realizado da mesma forma, prestando atenção aos mais necessitados, voltando a educar "para a boa vida do Evangelho", quando por vida não se entende, é claro, apenas a esfera religiosa de cada indivíduo, mas todos os ambientes em que o homem se encontra: da escola ao trabalho, da festa ao lazer, através das várias provações da vida.

(Trad.MEM)

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A solidão original do homem e a sua consciência de ser pessoa



JOÃO PAULO II

AUDIÊNCIA GERAL

Quarta-feira, 24 de Outubro de 1979

1. Na reflexão precedente, começamos a analisar o significado da solidão original do homem. A sugestão foi-nos dada pelo texto javista, e em particular pelas seguintes palavras: Não é conveniente que o homem esteja só: vou dar-lhe uma auxiliar semelhante a ele (Gén. 2, 18. 2). A análise das relativas passagens do Livro do Génesis (cap. 2) levou-nos já a conclusões surpreendentes que dizem respeito à antropologia, isto é à ciência fundamental acerca do homem, contida neste Livro. De facto, relativamente em poucas frases, o antigo texto delineia o homem como pessoa com a subjectividade que a caracteriza.

Quando Deus-Javé dá a este primeiro homem, assim formado, a ordem que diz respeito a todas as árvores que crescem no «jardim do Éden», sobretudo a do conhecimento do bem e do mal, aos delineamentos do homem, acima descritos, junta-se o momento da opção e da autodeterminação, isto é da vontade livre. Deste modo, a imagem do homem, como pessoa dotada de urna subjectividade própria, aparece diante de nós como acabada no seu primeiro esboço.

No conceito de solidão original está incluída quer a auto-consciência, quer a autodeterminação. O facto de o homem estar «só» encerra em si tal estrutura ontológica e ao mesmo tempo é um índice de autêntica compreensão. Sem isto, não podemos compreender correctamente as palavras seguintes, que constituem o prelúdio da criação da primeira mulher: «vou dar-lhe uma auxiliar». Mas, sobretudo, sem aquele significado tão profundo da solidão original do homem, não pode ser compreendida nem correctamente interpretada a situação completa do homem criado «à imagem de Deus», que é a situação da primeira, ou melhor da primitiva Aliança com Deus.

2. Este homem, de quem a narração do capítulo primeiro diz que foi criado «à imagem de Deus», manifesta-se, na segunda narração, como sujeito da Aliança, isto é, sujeito constituído como pessoa, constituído à altura de «companheiro do Absoluto», dado dever discernir e escolher conscientemente entre o bem e o mal, entre a vida e a morte. As palavras da primeira ordem de Deus-Javé (Gén. 2, 16-17) que se referem directamente à submissão e à dependência do homem-criatura do seu Criador, revelam de modo indirecto precisamente tal nível de humanidade, como sujeito da Aliança e «companheiro do Absoluto». O homem está «só»: isto quer dizer que ele, através da própria humanidade, através daquilo que ele é, é ao mesmo tempo constituído numa única, exclusiva e irrepetível relação com o próprio Deus. A definição antropológica contida no texto javista aproxima-se, por seu lado, daquilo que exprime a definição teológica do homem, que encontramos na primeira narração da criação («Façamos o homem à Nossa imagem, à Nossa semelhança» (Gén. 1, 26).

3. O homem, assim formado, pertence ao mundo visível, é corpo entre os corpos. Retomando e, de certo modo, reconstruindo o significado da solidão original, aplicamo-lo ao homem na sua totalidade. O corpo, mediante o qual o homem participa no mundo criado visível, torna-o ao mesmo tempo consciente de estar «só». De outro modo não teria sido capaz de chegar àquela convicção, a que, efectivamente, como lemos, chegou (Cfr. Gén. 2, 20), se o seu corpo o não tivesse ajudado a compreendê-lo, tornando o facto evidente. A consciência da solidão poderia ter enfraquecido, precisamente por causa do seu próprio corpo. O homem, 'adam, teria podido, baseando-se na experiência do próprio corpo, chegar à conclusão de ser substancialmente semelhante aos outros seres vivos (animalia). E afinal, como lemos, não chegou a esta conclusão, pelo contrário chegou à persuasão de estar «só». O texto javista não fala nunca directamente do corpo; até mesmo quando diz que «o Senhor Deus formou o homem do pó da terra», fala do homem e não do corpo. Apesar disto, a narração tomada no seu conjunto oferece-nos bases suficientes para perceber este homem, criado no mundo visível, exactamente como corpo entre os corpos.

A análise do texto javista permite-nos também relacionar a solidão original do homem com a consciência do corpo, mediante o qual o homem se distingue de todos os animalia e «se separa» deles, e também mediante o qual ele é pessoa. Pode-se afirmar com certeza que aquele homem assim formado tem contemporaneamente o conhecimento e a consciência do sentido do próprio corpo. E isto baseado na experiência da solidão original.

4. Tudo isto pode ser considerado como implicação da segunda narração da criação do homem, e a análise do texto permite-nos um amplo desenvolvimento.

Quando no início do texto javista, ainda antes de se falar da criação do homem do «pó da terra», lemos que «ninguém cultivava a terra e fazia jorrar da terra a água dos canais para regar o solo» (Gén. 2, 5-6. 6) , associamos justamente este trecho ao da primeira narração, em que está expressa a ordem divina: enchei e dominai a terra (Gén. 1, 28). A segunda narração alude de modo explícito ao trabalho que o homem realiza para cultivar a terra. O primeiro meio fundamental para dominar a terra encontra-se no próprio homem.

O homem pode dominar a terra porque só ele — e nenhum outro ser vivo — é capaz de «cultivá-la» e transformá-la segundo as próprias necessidades («fazia jorrar da terra a água dos canais para regar o solo»). E então, este primeiro esboço de uma actividade especificamente humana parece fazer parte da definição do homem, tal como emerge da análise do texto javista. Por conseguinte, pode-se afirmar que tal esboço é intrínseco ao significado da solidão original e pertence àquela dimensão de solidão através da qual o homem, que desde o início, está no mundo visível como corpo entre os corpos, descobre o sentido da própria corporalidade.

Sobre este assunto voltaremos na próxima reflexão.

Saudações

A um grupo de Superiores regionais da "Sociáté des Missions Etrangères de Paris"
Tenho o prazer de saudar de modo particular o Superior-Geral e os Superiores regionais da Sociedade das Missões Estrangeiras de Paris. Acabámos de celebrar o Dia das Missões: vós sois, queridos amigos, a imagem viva do apostolado missionário. Muitos dos vossos irmãos de hábito abandonaram o próprio país natal para consagrar toda a vida, e por vezes até ao martírio, à propagação do Evangelho e à implantação da Igreja nos países da Ásia, sobretudo do Extremo Oriente, e agora noutros continentes. Graças a Institutos como o vosso, foi possível surgirem Pastores autóctones que tomaram a responsabilidade das suas comunidades. Mas não nos esqueçamos que muitos precisam sempre de uma ajuda fraternal e que o zelo missionário da Igreja não deve diminuir, ainda que, infelizmente, lhe sejam hoje inacessíveis alguns campos de apostolado. Vae enim mihi est, si non evangelizavero — Ai de mim se não evangelizar (1 Cor 9, 16). Contribuí para que se mantenha este espírito, e continuai a servir onde quer que sejais chamados. Abençoo de todo o coração todos os vossos missionários.

Aos organizadores da `"Iniciativa da Estafeta internacional" para o desarmamento
Saúdo também os organizadores da "Iniciativa da Estafeta internacional". Encontrastes nela um meio para levar as populações da Europa a compreenderem a necessidade de afastar a ameaça dos armamentos de destruição em massa, e estais prontos a tornar conhecidas aos representantes dos povos as mensagens que dela derivam. O vosso contributo dá um testemunho suplementar dos homens de boa vontade. Quem poderia deixar de concordar com o grito de alarme que se levanta de todas as partes a este propósito? Bem-aventurados os que promovem a paz!

A um grupo de doentes provenientes da Inglaterra
Especiais boas-vindas a um grupo proveniente da Inglaterra: os peregrinos doentes e diminuídos mentais que vieram a Roma com o "Across Trust". Estou muito contente por vos ter sido possível estardes presente hoje aqui, e rezarei por vós e pelos vossos familiares que se encontram em casa. Recomendo-vos todos a protecção da nossa Bendita Mãe Maria.

Aos Superiores e aos Alunos do Colégio Pio Latino-Americano
Vá agora a minha saudação para os Superiores e Alunos do Pontifício Colégio Pio Latino-Americano, presentes nesta Audiência e acompanhados pelos Membros da Comissão Episcopal nomeada pela Santa Sé, que faz a sua visita ordinária.
Sinto grande alegria em receber-vos hoje, queridos Irmãos e Filhos, que formais a actual família de uma Instituição que já conta 120 anos de história.
Aproveitai bem a vossa permanência em Roma para vos formardes solidamente nas ciências sagradas e humanas. Enchei os vossos espíritos de profundo sentido sobrenatural acerca do valor da vossa vida consagrada ao serviço das almas. Deste modo implantareis fundamentos firmes para o vosso futuro ministério.
Transmito-vos a minha mais íntima palavra de coragem, a vós, Bispos, que representais perante o Colégio todo o Episcopado Latino-Americano, a fim de atenderdes com particular esmero e diligência, a esta importante e delicada tarefa.
Asseguro-vos, por fim, que peço ao Senhor por toda a grande família do Colégio e dou-lhe com afecto a minha especial Bênção.

Aos participantes na Assembleia extraordinária da categoria dos ascensoristas
Uma especial saudação também para o numerosíssimo grupo de ascensoristas, que participam nestes dias em Roma na Assembleia extraordinária da sua benemérita categoria.
Peço ao Senhor que vos conceda a graça da fidelidade e da perseverança no vosso compromisso humano e cristão a fim de que os bons propósitos inpirados por este encontro com o humilde Sucessor de Pedro deixem um sulcro profundo na vossa vida, para edificação das vossas famílias e de todos aqueles que encontrareis no âmbito do vosso trabalho. A todos vós a minha Bênção.

A um grupo de peregrinos de Fidenza (Itália)
Uma cordial saudação dirijo agora à numerosa peregrinação da Diocese de Fidenza, acompanhada pelo seu Bispo, D. Mario Zanchin, e exprimo a todos os participantes a minha sincera satisfação por este encontro, que assume o significado de um fervoroso testemunho de fé em Cristo e de afecto filial para com o sucessor de Pedro. Não posso deixar de vos repetir, caríssimos irmãos e irmãs, o meu mais forte encorajamento por tudo aquilo que fazeis de bom, de caritativo e de exemplar; desejo-vos que o compromisso de testemunho cristão seja contínuo e cada vez maior, e seja sempre fonte de verdadeira alegria e de paz operosa.

Aos Assistentes Paroquiais da Acção Católica Italiana
Saúdo de todo o coração o grupo dos Assistentes Paroquiais da Acção Católica Italiana, reunidos nestes dias em Roma para um congresso subordinado ao tema: "O itinerário de espiritualidade do adulto hoje".
O assunto é certamente muito importante, e eu encorajo-vos cordialmente a estudá-lo como convém, desejando de coração que o Senhor vos ajude no vosso precioso ministério, a fim de que, como disse São Paulo, "sejais poderosamente fortalecidos pelo Seu Espírito quanto ao crescimento do homem interior" (El. 3, 16).
E a minha Bênção Apostólica seja para vós louvor e estímulo.

Aos alunos do Distrito escolar de Chiusi-Pienza e Montepulciano (Itália)
Estão presentes na Audiência mais de dois mil rapazes e meninas dos Distritos escolares de Chiusi-Pienza e Monteoulciano, juntamente com o seu Bispo D. Alberto Giglioli, e muitos pais. Sois verdadeiramente tantos e, com certeza, todos felizes por terdes vindo a Roma e ao Papa, acompanhados por aqueles que vos querem bem. Tomastes verdadeiramente a sério o "Ano da Criança", empenhastes-vos de tantos modos para ajudar as crianças que sofrem e quisestes concluir aqui comigo as vossas iniciativas.
Agradeço de coração, a vós e aos vossos Superiores e Pais, esta actividade tão benemérita, e exorto-vos, queridos rapazes e meninas, a sempre vos manterdes assim, bons, generosos, sinceros, estudiosos, para consolação dos vossos pais e professores, para o bem da sociedade, para a edificação espiritual das Dioceses de que provindes, e para a vossa própria alegria interior de autênticos amigos de Jesus.
O meu afecto vos acompanhe sempre com a minha particular Bênção.

Às ex-Alunas do Instituto do Sagrado Coração
Uma afectuosa palavra de saudação, de encorajamento e de felicitações dirijo ao numeroso grupo das ex-Alunas do Instituto do Sagrado Coração, que se encontram em Roma para um congresso sobre o tema: "A oração".
Desejo dizer-vos, caríssimas irmãs, quanto aprecio esta vossa iniciativa espiritual, e — segundo o desejo que vós próprias manifestastes — deixo-vos, como recordação deste nosso encontro, um pensamento muito breve de Santo Agostinho sobre a oração: "Qui vult audiri a Deo, prius audiat Deum" ("Quem quer ser ouvido por Deus, oiça primeiro a Deus" - Serm. XVII, 4): Sim! Ouvi com docilidade a Deus que fala na Sagrada Escritura; que nos guia através do ensinamento e das directrizes da Igreja e dos seus Pastores; escutai a Deus, que se faz ouvir no silêncio misterioso da vossa consciência, rectamente iluminada.
A todas vós e a todos os. Que vos são queridos a minha Bênção Apostólica.

A dois grupos de Peregrinos de língua alemã
Dirijo uma especial saudação de boas-vindas ao numeroso grupo de peregrinos da Diocese de Limburg. Mediante a vossa peregrinação ao túmulo dos Apóstolos, revigora-se de maneira solene a vossa fé em Cristo e a consciência de pertencerdes à santa Igreja. Do mesmo modo que Cristo enviou os seus Apóstolos como mensageiros da fé, também vós sois chamados a ser testemunhas: na família, no trabalho, nas vossas comunidades. Voltai para a vossa pátria conscientes de Cristo, que hoje vos envia, permanecer sempre ao vosso lado, vos confortar e proteger. Permanecei também vós inabalavelmente fiéis a Ele!
Saúdo a seguir com singular satisfação o grupo de peregrinos do "Sindicato patronal católico de Electricistas" (Katholischen Arbeitgeberverbandes für Elektroberufe). A vossa actividade proporciona a muitos homens luz e calor. Em espírito de responsabilidade e solidariedade cristãs, esforçai-vos por alargar sempre essa responsabilidade e solidariedade entre os vossos empregados e colaboradores. Desejaria que este encontro com os lugares célebres da cidade de Roma e com o supremo Pastor da Igreja iluminasse a vossa vida e as vossas obras, como cristãos, com a graça de Deus, e fortalecesse a vossa fé.
Concedo-vos, pois, de coração, e a todos os peregrinos presentes, a Bênção Apostólica.

Aos jovens
Desejamos dirigir agora uma palavra a vós, jovens, alegria e primavera deste encontro. Não é uma imagem gasta que usamos; porque, como a primavera, sentis verdadeiramente em vós o tumulto da vida, e a alegria de a viver. Pois bem, dai lugar, no desdobrar-se da actividade de cada dia, ao autor das coisas, à fonte de todos os dons, à luz de toda a inteligência: a Jesus.

Aos doentes
Perante Deus, Ser dos seres, somos todos pobres doentes, necessitados da sua paterna misericórdia. Mas vós, por seu imperscrutável desígnio, participais mais de perto nesta misteriosa sorte.
E sois mais semelhantes a Cristo, que, embora sendo o Filho de Deus, provou o sofrimento: não da doença, mas da Paixão e da Morte.
Deus vos assista, vos ajude e vos console com a fé certíssima de que o vosso sofrimento é fecundo para a Igreja, e será transformado na mais pura alegria, hoje e na eternidade.

Aos jovens Casais
Aos jovens Casais, além de desejar todo o bem d'Aquele que instituiu a Matrimónio, quereríamos recordar as palavras do Apóstolo São Paulo aos Efésios (5, 22 ss.), o qual compara o Esposo com Cristo, a Esposa com a Igreja. E como Cristo morreu pela Igreja, e esta não tem outro desejo senão agradar-lhe e servi-lo, assim deveis fazer também vós. O pensamento da vossa recíproca dignidade será fonte de profundo respeito, de firmeza, de amor e de toda a ditosa consolação.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Termina a primeira fase do Sínodo dos Bispos: Nova evangelização para renovar a fé




VATICANO, 18 Out. 12 / 02:23 pm (ACI/EWTN Noticias).- Hoje ao meio dia se realizou no Vaticano uma conferência de imprensa com os presidentes delegados do Sínodo dos Bispos que está sendo realizado até o dia 27 de outubro, na qual se informou sobre os trabalhos da assembleia sinodal após a apresentação de ontem do "Relatório depois das discussões gerais".

Na conferência estiveram: o Cardeal John Tong Hon, bispo de Hong Kong (China); o Cardeal Francisco Robles Ortega, Arcebispo de Guadalajara (México); o Cardeal Laurent Monsengwo Pasinya, Arcebispo da Kinshasa (Congo) e Dom Ján Babjak, arcebispo Metropolita di Prešov para os católicos de rito bizantino.

Os Bispos fizeram um balanço desta primeira parte do Sínodo sobre a Nova evangelização e traçaram os limites, o contexto e o material sobre o qual agora os padres sinodais, depois das discussões gerais na Sala do Sínodo, dispõem-se a tratar e avaliar em grupos linguísticos, nos chamados círculos menores onde será elaborado o rascunho da mensagem final.

Ontem pela tarde, o Cardeal Donald Wuerl, relator geral do Sínodo, assinalou que "a nova evangelização não é um programa temporário, mas sim uma maneira de ver o futuro da Igreja e de ver-nos a todos comprometidos na renovação da fé, porque o anúncio do Evangelho é a missão primordial da Igreja".

Em presença do Papa Bento XVI, o Arcebispo de Washington apresentou o "Relatório depois das discussões gerais" que contém os temas mais importantes do Sínodo.

Ele disse que "hoje especialmente, o ministério da Igreja se encontra em uma fase de revisão de sua maneira de levar a Palavra de Deus em um contexto novo, globalizado, cheio de desafios e onde há uma grande ignorância da fé, especialmente nos países de antiga tradição cristã".

O relator geral destacou que na prática o que se necessita é uma "renovação espiritual que a Igreja deve proclamar e aplicar".

O Cardeal Wuerl recordou alguns temas que foram tratados no Sínodo: o diálogo inter-religioso, especialmente com o mundo muçulmano; a violência e a redução da liberdade religiosa; o compromisso ecumênico e a Igreja nos meios de comunicação.

Continuando, indicou alguns "instrumentos" válidos para um novo anúncio do Evangelho: as paróquias, as pequenas comunidades, as escolas, as universidades, as peregrinações e os catequistas.

"Mas é principalmente o matrimônio, a família, a Igreja doméstica, a instituição que consegue transmitir a fé nas situações mais difíceis, formar à pessoa humana, que hoje tem necessidade de apoio em um mundo secularizado".

O Arcebispo dedicou um amplo espaço aos sacerdotes e consagrados insubstituíveis para a nova evangelização em uma época onde as vocações são escassas; e recordou igualmente a necessidade de integrar os leigos a todos os níveis na organização da igreja local, já que todos os católicos devem convocar às pessoas à prática da fé.

Conforme assinala a Rádio Vaticano, o relatório do Cardeal Wuerl contém 14 perguntas, às que terão que responder os Padres sinodais, preparando assim o terreno para a elaboração dos documentos finais.

"Agora que a Igreja é consciente de suas dificuldades, tensões, preocupações, pecados e sua debilidade humana, é hora de olhar um novo Pentecostes, para viver a Palavra de Deus e compartilhá-la com alegria", concluiu.

LEITURA ORANTE: A perda é salvação

Quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará. Preparo-me para a Leitura Orante, rezando com todos os que, nesta rede da...