Dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Brasília, explica de forma concreta o
texto da mensagem final do Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização
Maria Emília Marega
ROMA, segunda-feira, 05 de
novembro de 2012(ZENIT.org) – A Mensagem final da XIII Assembléia Geral
Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização para a transmissão da
fé cristã reflete uma Igreja Viva, pronta para enfrentar os desafios e problemas
do nosso tempo.
Para aprofundar a mensagem de
forma concreta ZENIT conversou com Dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Brasília,
que participou da comissão responsável por redigir o texto.
O senhor foi convocado pelo Papa para compor a comissão responsável por
redigir a mensagem final do Sínodo dos Bispos. Como foi?
Dom Sérgio: Para mim foi uma surpresa! Eu na verdade não tinha sido
comunicado diretamente, foi em plenário que eu fiquei sabendo da nomeação. Eram
12 bispos representando os 5 continentes; da América, o cardeal de New York e
eu, podemos dizer, representando a América Latina. Trabalhamos em conjunto,
partilhamos um pouco da experiência que vivemos no próprio continente.
O que significou esta convocação inesperada para a América Latina?
Dom Sergio: Foi muito importante. Os próprios bispos viram neste
gesto do Papa, de fato, um gesto de reconhecimento da importância da Igreja que
está no Brasil e na América Latina.
Quais foram as novidades desta mensagem?
Dom Sérgio: Uma das novidades do texto atual é que ao final os
Padres Sinodais se dirigem especificamente aos 5 continentes. No caso da
América Latina foi expresso um pouco da realidade latino americana, tanto os
valores como os desafios, na verdade, vão muito além do que o próprio texto consegue
expressar.
A mensagem quer expressar a
Catolicidade da Igreja sem menosprezar o que é próprio de cada região e por
isso tem essa índole geral e somente no final dirige uma palavra específica de
apoio, gratidão, esperança e também alguma orientação para cada um dos 5
continentes. Nisto se manifesta a Catolicidade: a Igreja é Uma na diversidade,
o mistério Trinitário da Igreja.
A mensagem não quer e não deve
ser um resumo do Sínodo, ela é uma referência significativa enquanto não se tem
a Exortação Apostólica, que é post-sinodal e demora um pouco, a anterior
demorou quase 2 anos. O texto atual é mais longo, pois quis acolher grande
parte das reflexões. Apesar de conter grandes aspectos que foram destacados
durante a assembléia, não são todos, as proposições são mais completas.
O que foi colocado em evidência para a América Latina?
Dom Sérgio: O texto fala da gratidão à América Latina pelo seu
testemunho e destaca a piedade popular como um dos grandes valores; também
consta o serviço da caridade e o diálogo com as culturas locais que hoje é
também, o diálogo com as culturas modernas.
Os desafios destacados foram: a
pobreza, a violência e as novas denominações religiosas.
Como propostas para a América
Latina os Bispos recomendam aquilo que está no documento de Aparecida: uma
Igreja em estado permanente de missão formando comunidades de discípulos
missionários de Jesus Cristo.
Para o senhor o que ficou mais marcado?
Dom Sergio: Eu pessoalmente vejo a referência da Samaritana como um
dos aspectos mais genuínos dessa mensagem, embora apareça pouco, em 2 momentos,
sobretudo, ilumina a própria mensagem. O primeiro momento é o encontro com
Cristo na beira do poço, as condições que ela trazia e a água que Jesus
oferece, a água viva; o poço transformando a vida dela. Não dá para fazer Nova
Evangelização sem o encontro com Cristo que está na origem e na finalidade. Nós
queremos partir do encontro com Cristo e levar as pessoas ao encontro com
Cristo. É um encontro que pressupõe conversão, uma vida nova.
Como orientar as pessoas que buscam este poço e têm sede, mas estão
perdidas?
Dom Sérgio: Os evangelizadores devem vivenciar, fazer esta
experiência do encontro com Cristo; não dá para somente convidar os outros. A
Samaritana vai ao encontro do povo e conta a experiência dela, que é muito
importante, mas existe um terceiro passo quando as pessoas dizem que já não
estão mais acreditando apenas porque ela falou, mas porque eles também fizeram
essa mesma experiência, que é contagioso. Nós levamos para os outros o nosso
testemunho, porém queremos que eles também façam a mesma experiência.
E como levar as pessoas a esta experiência do Encontro com Cristo?
Dom Sérgio: Os evangelizadores têm que se dispor à conversão,
conforme citado no item 5 da mensagem: evangelizar a nós mesmos e dispor-nos à
conversão. Se os evangelizadores não forem santos, não se dispuserem a viver na
santidade fica muito difícil ajudar os outros.
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