terça-feira, 2 de outubro de 2012

Santos Anjos da Guarda


Antífona da entrada: Anjos todos do Senhor, bendizei o Senhor; cantai a sua glória, louvai-o eternamente (Dn 3,58).

Deus, que criou todas as coisas, criou também os anjos, para que o louvem, obedeçam e atendam. Criou-os para serem eternamente felizes e para que nos ajudem e guiem, especialmente toda a sua Igreja. Entretanto uma grande parte desses anjos cometeu o grave pecado da soberba, desejando tornar-se iguais ao próprio Criador. Por isso Deus os condenou e os precipitou no inferno, onde permanecerão para todo o sempre. Esses anjos rebeldes são chamados espíritos maus, diabos ou demônios, e têm como chefe Satanás.

Os anjos que ficaram fiéis a Deus são os chamados anjos bons ou simplesmente: anjos. Dentre esses é que Deus escolhe nosso Anjo da Guarda, que é pessoal e exclusivo, cuja função é proteger-nos até o retorno da nossa alma à eternidade. Ele nos ampara e nos defende dos perigos com que os espíritos maus nos tentam, na nossa vida terrena. "Porque aos seus anjos ele mandou que te guardem em todos os teus caminhos, eles te sustentarão em suas mãos, para que não tropeces em alguma pedra" (Sl 90,11-12).

Os Anjos da Guarda estão repletos de dons e privilégios especiais, com uma missão insubstituível ao longo da criação. Eles possuem a natureza angélica espiritual, que é a síntese de toda a beleza e de todas as virtudes de Deus, por isso impossível de ser representada.

Em um dos seus textos, são Francisco de Sales esclarece que a tarefa dos anjos é levar as nossas orações à bondade misericordiosa do Altíssimo e de informar-nos se elas foram atendidas. Assim sendo, as graças que recebemos nos são dadas por Deus, que é o princípio e o fim de nossa vida, através da intercessão de nosso Anjo Bom.

Deus confiou cada criatura a um Anjo da Guarda. Esta é uma verdade que está em várias páginas da Sagrada Escritura e na história das tradições da humanidade, sendo um dogma da Igreja Católica, atualmente também confirmado pelos teólogos. A devoção dos anjos é mais antiga até que a dos próprios santos, ganhando maior vigor na Idade Média, quando os monges solitários receberam a companhia dessas invisíveis criaturas, cuja presença era sentida nas suas vidas de silenciosa contemplação e íntima comunhão espiritual com Deus-Pai.

Todavia o Eterno Guardião, como o Anjo da Guarda também é chamado, tão solicitado e cuidado durante a infância, está totalmente esquecido no cotidiano do adulto, que, descuidando de sua exclusiva e própria companhia, não se apercebe mais de sua angélica presença. Mas este espírito puro continua vigilante, constante dos pensamentos e de todas as ações humanas.

O Anjo da Guarda é um ser mais perfeito e digno do que nós, criaturas humanas. Não podemos ignorá-lo. Devemos amá-lo, respeitá-lo e segui-lo, pois está sempre pronto a proteger-nos, animar e orientar, para cumprirmos a missão da vida terrena, trilhando o caminho de Cristo e, assim, ingressarmos na glória eterna.

A celebração especialmente dedicada aos Anjos da Guarda começou na Espanha, no final do ano 400, propagando-se por toda a Europa em poucos séculos. Antes, ela ocorria no dia 29 de setembro, junto com a do arcanjo Miguel, guardião e protetor por excelência. O dia 2 de outubro foi fixado em 1670, pelo papa Clemente X, para celebrar separadamente o nosso santo Anjo da Guarda. E para ele a Igreja ditou uma das mais belas orações, que diz: "Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, já que a ti me confiou a Piedade Divina, sempre me rege, me guarda, me governa e ilumina, agora e sempre. Assim seja".

Oração

Ó Deus, que na vossa misteriosa providência mandais os vossos Anjos para guardar-nos, concedei que nos defendam de todos os perigos e gozemos eternamente do seu convívio. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Santa Teresinha do Menino Jesus, virgem


Antífona da entrada: Deus cercou-a de cuidados e a instruiu, guardou-a como a pupila dos seus olhos. Ele abriu suas asas como a águia e em cima dos seus ombros a levou. E só ele, o Senhor, foi o seu guia. (Dt 32,10ss)



A vida da santa Teresa de Lisieux, ou santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, seu nome de religiosa e como o povo carinhosamente a prefere chamar, marca na história da Igreja uma nova forma de entregar-se à religiosidade. No lugar do medo do "Deus duro e vingador", ela coloca o amor puro e total a Jesus como um fim em si mesmo para toda a existência eterna. Um amor puro, infantil e total, como deixaria registrado nos livros "Infância espiritual" e "História de uma alma", editados a partir de seus escritos. Sua vida foi breve, mas plena de dedicação e entrega. Morreu virgem como Maria, a Mãe que venerava, e jovem como o amor que vivenciava a Jesus, pela pura ação do Espírito Santo.

Teresinha nasceu em Alençon, na França, em 2 de janeiro de 1873. Foi batizada com o nome de Maria Francisca Martin e desde então destinada ao serviço religioso, assim como suas quatro irmãs. Os pais, quando jovens, sonhavam em servir a Deus. Mas circunstâncias especiais os impediram e a mãe prometeu ao Senhor que cumpriria seu papel de genitora terrena, mas que suas filhas trilhariam o caminho da fé. E assim foi, com entusiasmada aceitação por parte de Teresinha desde a mais tenra idade.

Caçula, viu as irmãs mais velhas, uma a uma, consagrando-se a Deus até chegar sua vez. Mas a vontade de segui-las era tanta que não quis nem esperar a idade correta. Aos quinze anos, conseguiu permissão para entrar no Carmelo, em Lisieux, permissão concedida especial e pessoalmente pelo papa Leão XIII.

Ela própria escreveu que, para servir a Jesus, desejava ser cavaleiro das cruzadas, padre, apóstolo, evangelista, mártir... Mas ao perceber que o amor supremo era a fonte de todas essas missões, depositou nele sua vida. Sua obra não frutificou pela ação evangelizadora ou atividade caritativa, mas sim em oração, sacrifícios, provações, penitências e imolações, santificando o seu cotidiano enquanto carmelita. Essa vivência foi registrada dia a dia, sendo depois editada, perpetuando-se como livro de cabeceira de religiosos, leigos e da elite dos teólogos, filósofos e pensadores do século XX.

Teresinha teve seus últimos anos consumidos pela terrível tuberculose, que, no entanto, não venceu sua paciência com os desígnios do Supremo. Morreu em 1° de outubro de 1897, com vinte e quatro anos, depois de prometer uma chuva de rosas sobre a Terra quando expirasse. Essa chuva ainda cai sobre nós, em forma de uma quantidade incalculável de graças e milagres alcançados através de sua intervenção em favor de seus devotos.

Teresa de Lisieux foi beatificada em 1923 e canonizada em 1925 pelo papa Pio XI. Ela, que durante toda a sua vida teve um grande desejo de evangelizar e ofereceu sua vida à causa missionária, foi aclamada, dois anos depois, pelo mesmo pontífice, como "padroeira especial de todos os missionários, homens e mulheres, e das missões existentes em todo o universo, tendo o mesmo título de são Francisco Xavier". Esta "grande santa dos tempos modernos" foi proclamada doutora da Igreja pelo papa João Paulo II em 1997.

Oremos

Ó Deus, que preparais o vosso Reino para os pequenos e humildes, dai-nos seguir confiantes o caminho de Santa Teresinha, para que, por sua intercessão, nos seja revelada a vossa glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

São Vicente de Paulo, presbítero


Antífona da entrada: Repousa sobre mim o Espírito do Senhor; ele me ungiu para levar a boa-nova aos pobres e curar os corações contritos (Lc 4,18)

Cosme e Damião eram irmãos e cristãos. Na verdade, não se sabe exatamente se eles eram gêmeos. Mas nasceram na Arábia e viveram na Ásia Menor, Oriente. Desde muito jovens, ambos manifestaram um enorme talento para a medicina. Estudaram e diplomaram-se na Síria, exercendo a profissão de médico com muita competência e dignidade. Inspirados pelo Espírito Santo, usavam a fé aliada aos conhecimentos científicos. Com isso, seus tratamentos e curas a doentes, muitas vezes à beira da morte, eram vistos como verdadeiros milagres.

Deixavam pasmos os mais céticos dos pagãos, pois não cobravam absolutamente nada por isso. A riqueza que mais os atraía era fazer de sua arte médica também o seu apostolado para a conversão dos pagãos, o que, a cada dia, conseguiam mais e mais.

Isso despertou a ira do imperador Diocleciano, implacável perseguidor do povo cristão. Na Ásia Menor, o governador deu ordens imediatas para que os dois médicos cristãos fossem presos, acusados de feitiçaria e de usarem meios diabólicos em suas curas.

Mandou que fossem barbaramente torturados por negarem-se a aceitar os deuses pagãos. Em seguida, foram decapitados. O ano não pode ser confirmado, mas com certeza foi no século IV. Os fatos ocorreram em Ciro, cidade vizinha a Antioquia, Síria, onde foram sepultados. Mais tarde, seus corpos foram trasladados para uma igreja dedicada a eles.

Quando o imperador Justiniano, por volta do ano 530, ficou gravemente enfermo, deu ordens para que se construísse, em Constantinopla, uma grandiosa igreja em honra dos seus protetores. Mas a fama dos dois correu rápida no Ocidente também, a partir de Roma, com a basílica dedicada a eles, construída, a pedido do papa Félix IV, entre 526 e 530. Tal solenidade ocorreu num dia 26 de setembro; assim, passaram a ser festejados nesta data.

Os nomes de são Cosme e são Damião, entretanto, são pronunciados infinitas vezes, todos os dias, no mundo inteiro, porque, a partir do século VI, eles foram incluídos no cânone da missa, fechando o elenco dos mártires citados. Os santos Cosme e Damião são venerados como padroeiros dos médicos, dos farmacêuticos e das faculdades de medicina.

Oração
Ó Deus, que, para o socorro dos pobres e formação do clero, enriquecestes o presbítero São Vicente de Paulo com as virtudes apostólicas, fazei-nos, animados pelo mesmo espírito, amar o que ele amou e praticar o que ensinou. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Vinte cinco anos atrás a JMJ chegou à América Latina


Reflexões de Dom Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro

RIO DE JANEIRO, terça-feira, 24 de setembro de 2012(ZENIT.org) - Vinte cinco anos atrás a JMJ chegou à América Latina! Foi a primeira e a única até o momento atual. Depois desse tempo, ela retorna ao nosso continente, agora em nosso país, aqui no Rio de Janeiro.

Em 1987, o Papa viaja à Argentina e lá se realiza a II Jornada Mundial da Juventude, a primeira fora dos muros de Roma. O tema escolhido para aquele primeiro encontro foi: "Assim conhecemos o amor que Deus tem por nós e confiamos nesse amor." (1Jo 4, 16)

Em sua mensagem, o Beato João Paulo II recorda que a América Latina é o continente da esperança, onde se encontra o maior número de jovens. Lembra também da opção preferencial pelos jovens, proclamada em Puebla de los Ángeles, México.

O grande objetivo daquela jornada era preparar os jovens, que são os adultos de hoje, para serem os apóstolos do novo milênio. O objetivo de todas as jornadas é permitir que os jovens experimentem o entusiasmo e a alegria do amor de Deus, que os convoca à unidade e à solidariedade.

Vocês, jovens, estão no mundo, mas não são do mundo. Seus corações apontam para o céu. No entanto, isso não significa sectarismo ou exclusivismo. O fato de vocês se sentirem tocados por Deus e convidados a uma vida de maior entrega no amor significa que vocês são enviados para levar essa experiência aos outros. Esse é o tema da JMJ na América Latina 25 anos depois.

Jesus Cristo é nossa paz, veio trazer a unidade. Uniu dois mundos através do amor. A Cruz é o trono desde onde reina. E faz que céu e terra se toquem. Natural e sobrenatural. Imanente e transcendente (cf. Ef 2,14-15). É característica dos santos ser sumamente exigentes consigo mesmo, mas complacente com o outro. Sem compactuar com o pecado, é capaz de estender as mãos para levantar o irmão. Somente no encontro com Outro absoluto serei capaz de encontrar meu verdadeiro eu, e verei meus irmãos com o amor que é próprio do cristianismo. Nosso objetivo é criar pontes, pois muros já são muitos.

Agora é a vez de o Brasil sediar no Rio de Janeiro a próxima Jornada. Estamos conscientes de que somos servidores para bem acolher essa experiência belíssima – de uma juventude que quer demonstrar suas preocupações com o presente e o futuro da humanidade. Após as semanas missionárias que ocorrerão pelo Brasil e que são da responsabilidade da nossa Conferência Episcopal organizar (CNBB), e com quem estamos em perfeita unidade, todos como irmãos em Cristo de diversas nacionalidades e etnias se dirigirão ao Rio de Janeiro, Santuário Mundial da Juventude em julho de 2013.

Já temos a logomarca, a oração e o hino oficiais. Milhares de voluntários já estão inscritos e muitos deles já servem à Jornada em seus países. Agora, alguns deles começam também a chegar ao Rio de Janeiro para permanecerem até agosto de 2013. As inscrições dos peregrinos recentemente abertas aumentam a cada dia. As casas, salões paroquiais, apartamentos, escolas, universidades, clubes de serviços estão se abrindo para acolher os jovens para a hospedagem e as catequeses.

Agradeço aos bispos, padres, consagrados e leigos, especialmente aos jovens, pelo entusiasmo e alegria que demonstram nesta missão. A presença de tantos no Comitê Organizador local nos entusiasma e eleva o nosso coração a Deus para dar graças por tudo. A assistência continua do Pontifício Conselho para os Leigos, primeiro responsável pela Jornada, nos dá a garantia do caminho certo.

Contamos ainda com a disponibilidade dos governos federal, estadual e municipal para que, desempenhando as suas funções, possamos encontrar os caminhos melhores para bem recebermos a todos. Seja na semana missionária, seja durante os dias da JMJ Rio 2013.

Também os demais poderes e serviços da nação, dos estados e municípios estão atentos para realizarmos a melhor jornada possível. As empresas que estão se associando para ajudar a Jornada estão sinalizando que acreditam na juventude e estão disponíveis para, juntamente com os jovens, construírem uma sociedade justa e solidária.

Além dos legados sociais, culturais, econômicos da Jornada temos certeza de que a melhor herança é mesmo o clima de confiança do jovem no amanhã, com valores pelos quais vale a pena trabalhar e lutar.

Após 25 anos na Argentina, a Jornada Mundial da Juventude retorna à América Latina! Agradeço a Deus por poder fazer parte dessa história e convoco todos os jovens para que se unam em torno dessa missão. Vamos juntos e unidos trabalhar para que a experiência de Deus no seguimento de Cristo nos uma a todos hoje e sempre.

O lema da Jornada da Juventude na Argentina está na primeira pessoa do plural. Quer significar que o encontro pessoal com Cristo nunca é uma experiência individualista. Ela nasce dentro de uma comunidade que reza e intercede por seus filhos. Todos sabemos que a experiência com Cristo nos leva a anunciá-Lo: “Ide e fazei discípulos”! Assim como os apóstolos uma vez tendo encontrado com Cristo O anunciaram ao mundo. A primeira Jornada na América Latina teve como tema o Deus amor, conhecido pelos jovens. Agora estes jovens são chamados a levar esse Amor de Deus ao mundo, fazendo discípulos entre as nações. Minha admiração por todos vocês que, entusiastas, se preparam para vir ao Rio de Janeiro. Meu agradecimento a todos da Região Metropolitana do Rio que se preparam para bem acolher os peregrinos. A Igreja toda intercede por vocês, jovens, para que possam viver no amor e na missão de fazer discípulos.

Ao iniciarmos neste mês a Primavera no hemisfério sul, somos chamados a ser esse anúncio pascal de vida nova para todos: “juventude, primavera, esperança do amanhecer: venham, meus amigos, e sejam enviados como missionários”! Sejamos todos bem-vindos a esta bela e única experiência de vivermos juntos a JMJ Rio 2013!

† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

domingo, 23 de setembro de 2012

25º DOMINGO DO TEMPO COMUM


Leituras: Sb 2,12.17-20; Sl 53(54),3-4.5.6.7 (R/. 6b); Tg 3,16-4,3; Mc 9,30-37

Jesus, sabendo que os discípulos “haviam discutido entre si qual deles seria o maior” (Mc 9,34), lhes dá uma lição de humildade: “Se alguém quiser ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos” (Mc 9,35).
A humildade encontra-se nos fundamentos da vida interior, ou seja, ela está na raiz de outras virtudes. A humildade remove os obstáculos para que a pessoa receba as graças de Deus, já que “Deus resiste aos soberbos e dá a sua graça aos humildes” (Tg 4,6). A humildade e a fé formam um par maravilhoso: a primeira remove os obstáculos à graça, entre os quais o orgulho; a segunda estabelece o primeiro contato com Deus.

A humildade se funda na verdade e na justiça. Santa Teresa dizia que a humildade é andar em verdade. A humildade nos dá o conhecimento, cada vez mais profundo, sobre nós mesmos. Também se funda na justiça porque exige que o ser humano dê a Deus toda a honra e toda a glória.

Na prática, humildade não é dizer que não se tem qualidades, quando na verdade se tem (isso seria hipocrisia); tampouco se trata de inventar qualidades que não possuímos (isso seria mentira e soberba). Não podemos buscar uma espécie de “humildade de jogadores de futebol” em entrevistas, mais ou menos assim e com os clássicos erros de português: “É, nós estamos de parabéns, apesar de nós não ter feito todos os gol que queria, agente seguimos as orientações do técnico e joguemo com humildade, e, provamos que com nós ninguém pode…”. Além de evitar este tipo de humildade, o cristão não pode ser uma pessoa encolhida: sem ideias próprias, meio covarde, com cara de coitado, um “Jeca Tatu”.

A humildade autoriza o filho de Deus a admirar todos os dons, naturais e sobrenaturais, que recebeu, mas sem atribuir-se a si mesmo o magnífico lenço pintado que vê em si, pois sabe que o divino Artista é Deus, para quem deve ir encaminhada toda a glória. Esta virtude também nos ajuda a ver a nossa pequenez e o quanto somos fracos. Em suma, a humildade é uma disposição da alma que nos inclina a moderar o apetite da própria excelência, levando-nos a evitar tanto a hipocrisia quanto a soberba.

A hipocrisia é ridícula! Andar cabisbaixo, com a cabeça meio torta e negar virtudes que se tem são, no fundo, características de uma falsa humildade. O curioso é que tais pessoas poderiam dizer de si mesmas: “eu sou um pobre pecador, não valho nada, sou um orgulhoso. Que Deus tenha pena de mim!”. Mas, se alguém lhe diz: “você é um orgulhoso e um pobre pecador”, então elas se irritam ao extremo. Ou seja: outros não podem dizer aquilo que elas dizem sem acreditar. É preciso lutar também contra a sensibilidade doentia: “o que pensarão de mim?”, “o que dirão de mim?”, “será que eles gostaram?”, “magoaram-me!” Nós não precisamos desprezar-nos diante dos outros para mostrar que somos humildes, mas também não precisamos supervalorizar-nos internamente. É suficiente mostrar-nos como somos, isto é, com autenticidade e moderando a própria desordem interior. Quando se é inteligente, por exemplo, e alguém elogia isso em nós, podemos dizer simplesmente um “obrigado”. Também é importante que, aceitado o elogio, dirijamos, no silêncio do nosso coração, esse louvor ao Senhor: “para Deus toda a glória!”

Por outro lado, não vamos andar por aí divulgando as nossas virtudes, os nossos cargos e as nossas responsabilidades; poderiam ser manifestações de soberba. Outra coisa seria a necessidade de utilizar alguma vez uma coisa meritória que tenhamos feito para reclamar um direito que por justiça nos pertence. Um exemplo: o aluno que estudou muito e fez uma boa prova tem o direito de que lhe deem uma boa nota; se fez uma ótima prova, a nota também deverá ser ótima. Não é soberba ir reclamar com o professor no caso de que a nota tenha sido baixa ou menor do que aquela que ele julgava justa. Em nome da verdade e sem falsa humildade, o tal aluno pode – e até deveria – reclamar e lutar pelos seus direitos.

Como se pode ver: a humildade nos ajuda a andar em verdade!

Pe. Françoá Costa

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Santo andré kim taegón, presbítero, e Paulo Chóng Hasang, e seus companheiros mártires




A Igreja coreana tem, talvez, uma característica única no mundo católico. Foi fundada e estabelecida apenas por leigos. Surgiu no início de 1600, a partir dos contatos anuais das delegações coreanas que visitavam Pequim, na China, nação que sempre foi uma referência no Extremo Oriente para troca de cultura.

Ali os coreanos tomaram conhecimento do cristianismo. Especialmente por meio do livro do grande padre Mateus Ricci, "A verdadeira doutrina de Deus". Foi o leigo Lee Byeok que se inspirou nele para, então, fundar a primeira comunidade católica atuante na Coréia.

As visitas à China continuaram e os cristãos coreanos foram, então, informados, pelo bispo de Pequim, de que suas atividades precisavam seguir a hierarquia e organização ditada pelo Vaticano, a Santa Sé de Roma. Teria de ser gerida por um sacerdote consagrado, o qual foi enviado oficialmente para lá em 1785.

Em pouco tempo, a comunidade cresceu, possuindo milhares de fiéis, Porém começaram a sofrer perseguições por parte dos governantes e poderosos, inimigos da liberdade, justiça e fraternidade pregadas pelos missionários. Tentando acabar com o cristianismo, matavam seus seguidores. Não sabiam que o sangue dos mártires é semente de cristãos, como já dissera o imperador Tertuliano, no início dos tempos cristãos. Assim, patrocinaram uma verdadeira carnificina entre 1785 e 1882, quando o governo decretou a liberdade religiosa.

Foram dez mil mártires. Desses, a Igreja canonizou muitos que foram agrupados para uma só festa, liderados por André Kim Taegon, o primeiro sacerdote mártir coreano. Vejamos o seu caminho no apostolado.

André nasceu em 1821, numa família da nobreza coreana, profundamente cristã. Seu pai, por causa das perseguições, havia formado uma "Igreja particular" em sua casa, nos moldes daquelas dos cristãos dos primeiros tempos, para rezarem, pregarem o Evangelho e receberem os sacramentos. Tudo funcionou até ser denunciado e morto, aos quarenta e quatro anos, por não renegar a fé em Cristo.

André tinha quinze anos e sobreviveu com os familiares, graças à ajuda dos missionários franceses, que os enviaram para a China, onde o jovem se preparou para o sacerdócio e retornou diácono, em 1844. Depois, numa viagem perigosa vivida, tanto na ida quanto na volta, num clima de perseguição, foi para Xangai, onde o bispo o ordenou sacerdote.

Devido à sua condição de nobre e conhecedor dos costumes e pensamento local, obteve ótimos resultados no seu apostolado de evangelização. Até que, a pedido do bispo, um missionário francês, seguiu em comitiva num barco clandestino para um encontro com as autoridades eclesiásticas de Pequim, que aguardavam documentos coreanos a serem enviados ao Vaticano. Foram descobertos e presos. Outros da comunidade foram localizados, inclusive os seus parentes.

André era um nobre, por isso foi interrogado até pelo rei, no intuito de que renegasse a fé e denunciasse seus companheiros. Como não o fez, foi severamente torturado por um longo período e depois morto por decapitação, no dia 16 de setembro de 1846 em Seul, Coréia.

Na mesma ocasião, foram martirizados cento e três homens, mulheres, velhos e crianças, sacerdotes e leigos, ricos e pobres. De nada adiantou, pois a jovem Igreja coreana floresceu com os seus mártires. Em 1984, o papa João Paulo II, cercado de uma grande multidão de cristãos coreanos, canonizou santo André Kim Taegon e seus companheiros, determinando o dia 20 de setembro para a celebração litúrgica.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Na segunda narrativa da criação encontra-se a definição subjectiva do homem




JOÃO PAULO II
42ª AUDIÊNCIA GERAL
Quarta-feira, 19 de Setembro de 1979

1. Referindo-nos às palavras de Cristo sobre o tema do matrimónio, em que Ele apela para o «princípio», dirigimos a nossa atenção, há uma semana, para a primeira narrativa da criação do homem no Livro do Génesis (Gén. 1) Hoje passaremos à segunda que, sendo Deus nela chamado «Javé», é muitas vezes denominada «javista».
A segunda narrativa da criação do homem (ligada à apresentação tanto da inocência e felicidade original como da primeira queda) tem, por sua natureza, carácter diverso. Embora não querendo antecipar as particularidades desta narrativa — porque nos convirá apelar para elas nas outras análises — devemos reconhecer que todo o texto, ao formular a verdade sobre o homem, nos maravilha com a sua profundidade típica, diversa da do primeiro capítulo do Génesis. Pode-se dizer que é profundidade, de natureza sobretudo subjectiva, e portanto, em certo sentido, psicológica. O capítulo 2.° do Génesis constitui, em certo modo, a mais antiga descrição e registo da auto-compreensão do homem e, juntamente com o capítulo 3°, é o primeiro testemunho da consciência humana. Com aprofundada reflexão sobre este texto — por meio de toda a forma arcaica da narração, que manifesta o seu primitivo carácter mítico(1) — encontramos nele «in nucleo» quase todos os elementos da análise do homem, aos quais é sensível a antropologia filosófica moderna e sobretudo contemporânea. Poder-se-ia dizer que Génesis 2 apresenta a criação do homem especialmente no aspecto da sua subjectividade. Confrontando entre si ambas as narrativas, chegamos à convicção que esta subjectividade corresponde à realidade objectiva do homem, criado «à imagem de Deus». E também este facto é— doutro modo —importante para a teologia do corpo, como veremos nas análises seguintes.

2. É significativo, na sua resposta aos fariseus em que apela para o «princípio», indicar Cristo primeiramente a criação do homem com referência a Gén. 1, 27: O Criador no princípio criou-os homem e mulher; só em seguida cita o texto de Génesis 2, 24. As palavras, que directamente descrevem a unidade e indissolubilidade do matrimónio, encontram-se no contexto imediato da segunda narrativa da criação, cuja passagem característica é a criação separada da mulher (Cfr. Gén. 2, 18-23), ao passo que a narrativa da criação do primeiro homem (macho) se encontra em Génesis 1, 5-7. A este primeiro ser humano chama a Bíblia «homem» ('adam), ao passo que, desde o momento da criação da primeira mulher, começa a chamar-lhe «macho», 'is, em relação com 'issâh («fêmea», porque foi tirada do macho, 'is) (2). E é também significativo que, referindo-se a Génesis 2, 24, Cristo não só liga o «princípio» com o mistério da criação, mas também nos conduz, por assim dizer, ao confim entre a primitiva inocência do homem e o pecado original. A segunda narrativa da criação do homem foi fixada no Livro do Génesis exactamente em tal contexto. Nele lemos, primeiro que tudo: Da costela que retirara do homem, o Senhor Deus fez a mulher e conduziu-a até ao homem. Ao vê-la, o homem exclamou: «esta é, realmente, osso dos meus ossos e carne da minha carne. Chamar-se-á mulher, visto ter sido tirada do homem» (Gén. 2, 22-23). Por este motivo, o homem deixará o pai e a mãe para se unir a sua mulher; e os dois serão uma só carne (Gén. 2, 24).
Estavam ambos nus, tanto o homem como a mulher, mas não sentiam vergonha (Gén. 2, 25).

3. Em seguida, imediatamente depois destes versículos, começa Génesis 3, a narrativa da primeira queda do homem e da mulher, narrativa ligada com a árvore misteriosa, que já antes fora chamada árvore da ciência do bem e do mal (Gén. 2, 17). Cria-se com isto uma situação completamente nova, essencialmente diversa da precedente. A árvore da ciência do bem e do mal é uma linha de demarcação entre as duas situações originais, de que fala o Livro do Génesis. A primeira situação é de inocência original, em que o homem (macho e fêmea) se encontra quase fora da ciência do bem e do mal, até ao momento em que transgride a proibição do Criador e come o fruto da árvore da ciência. A segunda situação, pelo contrário, é aquela em que o homem, depois de transgredir o mandamento do Criador por sugestões do espírito maligno simbolizado pela serpente, se encontra, em certo modo, dentro do conhecimento do bem e do mal. Esta segunda situação determina o estado de pecaminosidade humana, contraposto ao estado de inocência primitiva.
Se bem que o texto javista seja no conjunto muito conciso, basta contudo para diferenciar e contrapor com clareza aquelas duas situações originais. Falamos aqui de situações, tendo diante dos olhos a narrativa que é descrição dos acontecimentos. Apesar de tudo, através desta descrição e de todas as suas particularidades, surge a diferença essencial entre o estado de pecaminosidade do homem e o da sua inocência original (3) . A teologia sistemática descobrirá nestas duas situações antitéticas dois estados diversos da natureza humana: status naturae integrae (estado de natureza íntegra) e status naturae lapsae (estado de natureza decaída). Tudo isto deriva daquele texto «javista» de Génesis 2 e 3, que encerra em si a mais antiga palavra da revelação, e tem evidentemente um significado fundamental quer para a teologia do homem quer para a teologia do corpo.

4. Quando Cristo, referindo-se ao «princípio», manda os seus interlocutores para as palavras escritas em Génesis 2, 24, ordena-lhes, em certo sentido, que ultrapassem o confim que, no texto javista do Génesis, se interpõe entre a primeira e a segunda situação do homem. Não aprova o que «por dureza do coração» Moisés permitiu, e refere-se às palavras da primeira ordem divina, que neste texto está expressamente ligada ao estado de inocência original do homem. Significa isto que tal ordem não perdeu o seu vigor, ainda que o homem tenha perdido a inocência primitiva. A resposta de Cristo é decisiva e sem equívocos. Por isso, devemos tirar dela as conclusões normativas, que têm significado essencial não só para a ética, mas sobretudo para a teologia do corpo, a qual, como um momento particular da antropologia teológica, se constitui sobre o fundamento da palavra de Deus que se revela como é. Procuraremos tirar essas conclusões durante o próximo encontro.

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Saudações

A uma peregrinação mexicana
Saúdo cordialmente a peregrinação mexicana, organizada pelo programa radiofónico "Caminos de la luz".
Queridos irmãos e irmãs: agradeço-vos sinceramente esta visita que, como as outras dos vossos compatriotas, me trazem o eco fiel dos dias intensos de graça, vividos em terras mexicanas. Desejo exortar-vos hoje a prosseguir fomentando no vosso interior os mesmos sentimentos de Jesus Cristo (cfr. Flp 2, 5 ss.), a luz verdadeira que, vindo ao mundo, iluminou todos os homens (cfr. Jo 1, 9) e mostrou o caminho que conduz à vida, à morada do Pai (ibid. 14, 1-6).
Ao voltardes para junto das vossas famílias, levai a todos a saudação do Papa e uma bênção especial.

Aos novos alunos do Pontifício Colégio Mexicano
Dou também as minhas cordiais boas-vindas aos novos alunos do Pontifício Colégio Mexicano.
Caríssimos: Oxalá a vossa estadia em Roma, que tem por fim completar a vossa formação, seja sempre grata aos olhos do Senhor. Tende sempre presente que fostes eleitos, como seus ministros, para serdes mensageiros e testemunhas fidedignas da vida nova em Cristo ressuscitado.
A vós e aos vossos formadores. urna Bênção especial.

Aos peregrinos das Dioceses de Pádua e de Aosta
Apraz-me dirigir agora cordiais boas-vindas aos dois grupos de peregrinos provenientes de duas antigas Igrejas locais, as Dioceses de Pádua e de Aosta. Caríssimos filhos, a vossa presença afirma a vitalidade da vossa fé e do vosso compromisso cristão. Faço votos por que este encontro romano, no centro da cristandade, marque uma ulterior etapa no vosso caminho de fé, assinalada pelo amor a Cristo, pela fidelidade à Igreja e pela caridade para com os irmãos. Quando voltardes para casa, levai para as vossas famílias e para o vosso trabalho a força dos bons propósitos hauridos no Túmulo de Pedro e através da viva voz do seu Sucessor, que agora vos fala. Para vós a minha Bênção.

A um grupo de ucranianos
Seja louvado Jesus Cristo!
A vós, que viestes a Roma para venerar os Túmulos dos Apóstolos por ocasião do 40° aniversário de episcopado do vosso e Nosso querido e venerável Cardeal José Slipyj, e que vedes nesta Sé Apostólica um sinal da vossa união com o Vigário de Cristo, uma especial saudação. A Nossa paternal saudação é também dirigida às vossas famílias, aos vossos Bispos, Sacerdotes, Religiosos e Religiosas, assim como a todos os Ucranianos que estão na Pátria e na diáspora. Deus, por intercessão da Virgem Mãe de Deus, vos assista na vossa vida cristã.
Seja louvado Jesus Cristo!

A duas peregrinações de Doentes das Marcas e do Molise (Itália)
Uma saudação, como sempre cordial, vai esta tarde para duas peregrinações de doentes, acompanhados pela Associação UNITALSI das Marcas e pela Associação dos Pais de diminuídos físicos e mentais, do Molise. A vossa presença recorda-me de modo particular a minha recente visita a Loreto, onde, entre as primeiras intenções da minha oração inseri a necessidade espiritual e física de vós que sofreis. Abençoo com todos vós, aqueles que com tanto amor vos tratam, vos assistem e vos confortam.

Aos membros do Capítulo Geral dos Cooperadores paroquiais de Cristo Rei
E agora dirijo uma particular saudação aos membros do Capítulo Geral dos Cooperadores paroquiais de Cristo Rei. Sabei, caríssimos filhos, que o Papa aprecia o contributo que dais à vida e às actividades da paróquia, "célula da diocese", como recordou o Concílio, o qual salientou também que "ela oferece um luminoso exemplo de apostolado 'comunitário', fundindo todas as diferenças humanas que nela se encontram e inserindo-as na universalidade da Igreja" (cfr. Decr. Apostolicam Actuositatem, 10).
Com a minha paternal Bênção Apostólica.

A uma peregrinação do Quénia
E agora a minha especial saudação à peregrinação organizada pelos Bispos do Quénia. Visitastes a terra que se tornou santa pelas vidas terrestres de nosso Senhor Jesus Cristo, da sua Mãe, e de muitos outros santos do Antigo e do Novo Testamento. Continuastes a vossa peregrinação vindo a Roma. São Lucas considerava a chegada de São Paulo a esta cidade um objectivo adequado para concluir a história do progresso da Igreja depois da ascensão de Jesus. A cidade devia ser santificada mais tarde velo martírio não só de São Paulo mas também de São Pedro, o primeiro dos apóstolos, a rocha sobre a qual Cristo construiu a sua Igreja.
Faço votos por que mediante esta peregrinação Deus vos conceda muitas graças para o espírito e o coração, graças que vos permitirão ser santos e levar a santidade a todo o vosso povo. Dou a minha bênção a vós, às vossas famílias, a todos aqueles que vos são queridos e a todo o vosso país.

Aos membros da Sociedade de São João
Sinto-me contente por saudar os membros da Sociedade de São João, fundada há 140 anos pelo célebre Padre Lacordaire com o fim de desenvolver a arte cristã. Encorajo-vos, queridos amigos, não só a fortalecerdes o laço fraternal e espiritual que vos une, mas também a dardes o vosso contributo para a promoção da arte sacra, a de ontem e a de hoje, a fazerdes que seja apreciada e a dar-lhe a devida honra, porque a arte sacra é sempre um caminho muito importante para lembrar o mistério cristão e levar as almas ao diálogo com Deus.
Abençoo-vos de todo o coração.

Aos participantes na IX Conferência internacional sobre a Automatização
Saúdo também os participantes na IX Conferência internacional sobre a Automatização, reunida para estudar os problemas inerentes à modernização da organização bancária. Deus vos ajude a realizar estes esforços como serviço à sociedade e abençoe as vossas famílias.

Aos Missionários da Sagrada Família
Dou especiais boas-vindas aos Missionários da Sagrada Família, aqui presentes, e que nestes dias se encontram reunidos num curso de renovação espiritual, e também aos alunos dos seminários de Francoforte, Mogúncia e Wulzburgo. Espero que este acontecimento impressionante, de ver a "Igreja de todo o mundo" aqui junto do Túmulo e da Cátedra de São Pedro, infunda gozo na vossa fé e na vossa vocação, e corrobore o vosso amor a Jesus Cristo e à sua Igreja.
Oxalá Cristo na sua bondade reforce a vossa vocação sacerdotal, a conserve e a conduza à perfeição, ao mesmo tempo que vos acompanha sempre a minha Bênção Apostólica.

Aos Jovens
Queridos rapazes e meninas! Chegue até vós, particularmente cordial e sentida, a minha saudação, a vós que vos debruçais para a vida, que estais cheios de vida, que esperais tudo da vida! Vós, de modo particular, estais presentes no meu afecto e na minha orarão. e eu exorto-vos a que vos mantenhais sempre unidos a Jesus! Ninguém pode apagar a presença de Jesus da história dos homens! Fazei de modo que Ele esteja sempre presente na vossa vida de cada dia com a sua graça, com a sua luz e com a sua consolação.
Por isto vos dou de todo o coração a minha Bênção.

Aos Doentes
Caríssimos Doentes! Dirijo a vós que sofreis com tanta paciência e resignação, a minha saudação reverente e afectuosa no Senhor!
Todos devemos confortar-nos com a presença de Cristo na história e na vida dos homens; mas especialmente vós que sofreis, e a quem tantas vezes faltam as consolações Jesus, o Verbo Encarnado, que quis sofrer e morrer na cruz, chagado, dessangrado, sedento, atormentado por pregos e espinhos, está sempre junto das vossas dores, recolhe as vossas lágrimas, escuta os vossos gemidos e assegura-vos que nenhum sofrimento se perde, se for unido ao seu amor e à sua obra redentora.
A presença contínua de Cristo em vós e convosco vos dê consolarão e serenidade, ao mesmo tempo que vos acompanha a minha Bênção.

Aos jovens Casais
Caríssimos jovens Casais! Também para vós reservo a minha saudação especial, unida às felicitações e, bons votos pela vossa nova vida!
É lógico que se dirijam aos jovens Casais bons votos de alegria imperecedoura no amor recíproco e na consecução dos comuns ideais que se propuseram.
Mas o segredo da vossa consolação está na presença de Cristo que vos uniu no matrimónio com a sua graça divina. Permanecei unidos em Cristo: eis os meus votos! A presença de Jesus, na vossa casa, no vosso amor, nas vossas escolhas, seja sempre a luz que vos ilumine e a consolação que vos alegre.
Com a minha Bênção e a minha constante benevolência.

Apelo
Desejo agora fazer-me, mais uma vez, intérprete da dor de uma família, atingida nos seus afectos mais queridos pela chaga, que alastra, dos sequestros de pessoa. Trata-se da família Casana, de Turim, à qual foram raptados há quase um mês, os dois filhos, Giorgio e Marina, respectivamente de 14 e 15 anos.
Como exprimir o desânimo e a execração perante este acto de violência sem nome que atinge, com determinação cruel, quem, devido à sua tenra idade, é mais frágil e inerme? Não terá ficado, no ânimo dos rapinadores, uma centelha de humanidade que os disponha a acolher este meu apelo à compreensão da ansiedade que dilacera o coração dos pais? Não posso consolar-me em pensar nisso, e por conseguinte, convido todos a que vos unais à minha oração, a fim de que o Senhor comova os responsáveis e os leve a restituir, quanto antes, os dois jovens, sãos e salvos, ao afecto da família.

LEITURA ORANTE: A perda é salvação

Quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará. Preparo-me para a Leitura Orante, rezando com todos os que, nesta rede da...