A reflexão sobre a festa do Natal
nos leva a contemplar a figura de Maria a partir de uma ótica ao mesmo tempo
divina e histórica e, em ambas, percebemos a beleza de um Deus que não assume
apenas a realidade humana, mas também todo um projeto de salvação que envolve
todos os homens e todas as mulheres de todos os
tempos. O Natal é, neste sentido,
o momento mais importante para nos darmos conta de que Jesus Cristo é o centro
da História, tudo converge para ele e tudo encontra, nele, o sentido. É Ele o
motivo do Natal porque Ele é Deus que entra na História para dar-lhe luz e
sentido profundo.
Um fato, entretanto, nos
enternece com a mesma força com que nos faz pensar de maneira mais
antropológica. Jesus chega ao mundo e se deixa adorar pela primeira vez nos braços
de uma MÃE. É bonito percebermos que a Mãe, na noite de Natal, não é apenas a
imagem protetora do Filho recém nascido, ela é, isto sim, o candelabro
escolhido pelo Pai para trazer ao mundo a luz da verdade e a própria verdade.
Ao lado de Jesus menino, os
pastores e os reis não encontraram anjos, embora os anjos também estivessem lá;
mas encontraram José a Maria que enfrentavam as dificuldades reais da vida para
serem fiéis aos planos de Deus. Maria, dedicada ao menino, é mãe e é filha, é
Rainha e é serva, é pequena e pobre e ao mesmo tempo imensamente feliz! O que é
interessante notarmos é que Jesus, centro do Natal é, Ele mesmo, Deus.
Mas
Maria é a primeira e a maior representante da humanidade redimida. Ela não é
Deus, mas no centro da História ela está ao lado de Deus. Ali, no presépio
existe a mensagem da presença de Deus que se aproxima da humanidade, e o
mistério da humanidade que se aproxima de Deus de modo a gerá-lo e protegê-lo,
numa relação que assume o grau de uma proximidade tão íntima como a de uma mãe
com seu filho. Ela o sabe: “É meu Filho e é meu Deus!”
Quando olhamos para o presépio,
observamos Deus que se revela e nesta revelação explicita sinais inequívocos do
seu amor pelo ser humano. Ele não está sozinho na gruta de Belém, estão com ele
seu pai e sua MÃE. Vínculos por Ele escolhidos para entrar na história com
características humanas, culturais, envolvidos num contexto concreto do ponto
de vista político, cultural e social. A Nossa Senhora do Natal é o símbolo mais
bonito da união real que Jesus veio estreitar conosco, seres humanos.
A pobreza daquele lugar é
semelhante a pobreza da nossa condição humana, mas a sua presença naquela gruta
é a mensagem de que no âmago da nossa pobreza pessoal, Deus se faz a nossa
força e a nossa vida. Lá no presépio, como em nossos corações, é Maria quem nos
trás Jesus e, com simplicidade, no-lo dá, de presente, não só na noite de
Natal, mas em todos os dias de nossas vidas.
Anselmo Cabral, isga
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