terça-feira, 23 de agosto de 2011

Vocação e felicidade

No diálogo Sobre a velhice, de Cícero, maior orador romano, encontra-se este pensamento muito apropriado para quem deseja refletir sobre sua vocação cristã e humana neste mês vocacional: "Vivi de tal forma, que sinto não ter nascido em vão".

Todo ser humano desembarca neste mundo vocacionado a ser humano. Essa é a vocação primeira e fundamental da existência humana. Os caminhos que lhe são propostos, no decurso de sua trajetória, devem conduzi-lo a tal meta. E muitos são os atalhos que ele encontra, cuja escolha depende do seu perfil pessoal e do meio onde se encontra. À medida que seleciona o certo e o percorre, cresce interiormente e integra-se melhor na sua comunidade mediante o serviço e o testemunho. E assim, de opção em opção, concretiza sua missão sobrenatural e histórica, que, conforme a antropologia cristã, faz parte do projeto divino da criação. Quando isso acontece, a pessoa realiza sua vocação e pode fazer suas as palavras de Cícero, porque está vivendo de "tal modo", que tem a certeza de que, no fim, receberá o laurel dos grandes lutadores.
E qual é esse modo? É caminhar atento às solicitações do cotidiano, sem aguardar oportunidade de realizar façanhas notáveis. Estas, às vezes, são pedidas, mas não são o apelo mais comum no trivial da vida.

Entretanto o ser humano também está aqui para ser relativamente feliz, como antecipação da eterna bem-aventurança. E não há como viver a paz do Ressuscitado quando se deixam espaços vazios na sua vida.

D. Geraldo Magella Agnelo
Cardeal Arcebispo Emérito de Salvador

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