sexta-feira, 15 de junho de 2012

SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS



Leituras: Os 11,1.3-4.8c-9; Is 12,2-3.4bcd.5-6 (R/.3); Ef 3,8-12.14-19; Jo 19,31-37

Não se trata do amor de Deus em geral, como aquele de que nos falam os profetas, mas do amor de Deus feito carne. O Coração de Jesus é o que há de mais profundo na humanidade assumida pelo Verbo. É o “ponto” onde toda a humanidade de Jesus se recolhe e encontra com a divindade, realizando, assim, o grande mistério de Deus feito homem. Se toda a humanidade de Jesus é o sacramento primordial da salvação, o seu Coração é-o de modo muito especial.

A espiritualidade do Coração de Jesus, como forma distinta, nasceu no século XIII, quando os burgos se libertavam do feudalismo... É nesse momento que nasce a nova corrente espiritual. Originariamente trata-se de uma espiritualidade monástica, sobretudo dos mosteiros femininos. Esta via monástica fez da espiritualidade do Coração de Cristo uma escola mística, uma escola de santidade, algo de exigente e de profundo. Trata-se de uma espiritualidade que é contemplação e não devoção. Fala-se do Crucificado de Lado aberto, e não tanto de Coração trespassado... É preciso voltar à mística, que fala à antropologia atual e, ultrapassando as práticas devocionais e outras incrustações dos últimos séculos, apoiando-a na sólida rocha do mistério do Verbo encarnado, voltar à espiritualidade do Coração de Jesus, fonte sempre válida de salvação e de santidade.

O Coração de Jesus é nosso berço: “Todos lá nascemos... Uns e outros lá nasceram”, como diz um Salmo de Sião (Sl 87, 4-6). O Coração de Jesus é a nossa Sião: “todas as nossas fontes estão em Ti”. Nascemos d´Ele: “Do Coração de Cristo, aberto na cruz, nasce o homem de coração novo, animado pelo Espírito e unido aos seus irmãos na comunidade de amor, que é a Igreja” (Cst. 3; cf. Pe. Dehon, Études sur le Sacré-Coeur, I, p. 114).

Porque é que a Igreja nos propõe o Coração como sinal concreto do amor divino-humano de Jesus, como expressão mais evocadora do amor com que Deus nos ama? Porque, na Bíblia, o coração é a parte mais nobre e mais importante do homem. É o “núcleo íntimo da pessoa”, sede da sua vida espiritual, lugar por excelência do encontro com Deus. Do coração nasce o que inquina o homem, mas também o que o santifica. O coração representa, pois, aquilo que, hoje, chamamos o “eu” profundo, o “eu” secreto. No culto ao Coração de Jesus, honramos toda a pessoa do Redentor e somos conduzidos à fonte dos seus sentimentos e das suas ações salvíficas. Esta concentração de interesse à volta do Coração de Jesus remonta já ao Novo Testamento, ao momento da morte de Cristo. S. João, com a extraordinária – e, quase diríamos, desproporcionada – importância que dá à transfixão de Jesus na cruz, abre o caminho que conduzirá à contemplação do Lado aberto e ao culto do Coração de Jesus. O seu comentário ao episódio: “Hão-de olhar para aquele que trespassaram”, revelar-se-á uma profecia.

Para nós, hoje, o coração já não representa o que representava para o homem bíblico. Todavia ainda encontramos na linguagem comum e no sentimento popular expressões que se aproximam do conceito bíblico: “tem bom coração”, “tem mau coração”, “é um homem de coração”... Hoje, as funções mais nobres do homem são atribuídas ao cérebro, à inteligência, à vontade... Mas ainda há uma coisa que nos ajuda a compreender, por analogia, o significado do Coração de Jesus: o coração é o motor de todo o corpo; a vida e a morte são assinaladas por ele; está presente em todo o organismo e fá-lo vibrar com o seu próprio movimento; a ele aflui o sangue venoso, que é regenerado, reciclado e reenviado a todos os membros do corpo. É o que faz, a nível espiritual, o Coração de Jesus no grande corpo que é a Igreja! No Coração de Jesus aconteceu a primeira purificação de todos os pecados, a regeneração da esperança e do amor humano. Todo o perdão, toda a graça, toda a inspiração, toda a esperança e toda a alegria, todo o impulso de unidade e de fraternidade que experimentamos na nossa vida, parte do centro que é o Coração de Jesus. Foi esse o desígnio do Pai: que nele habitasse “toda a plenitude”, graça sobre graça (cf. Col 2, 9; Jo 1, 16). A razão de tudo isto é que, naquele Coração, sobre a cruz, se consumou um ato de obediência total e perfeita a toda a vontade de Deus; por isso, Deus O exaltou e colocou nas suas mãos a salvação de todos os homens. O Coração de Jesus é a mina em que se encontram “todos os tesouros da sabedoria e da ciência” (cf. Col 2, 3).

Conforta-nos saber que este Coração continua vivo. Há quem acuse a devoção ao Coração de Jesus de se fixar demasiado no mistério da Paixão, no Jesus histórico, esquecendo o mistério da Ressurreição. O próprio Pe. Dehon dá essa impressão a quem se aproxima superficialmente das suas obras. Na verdade, o Pe. Dehon, como toda a espiritualidade do Coração de Jesus, não esquece a Ressurreição. Fala dela ao falar da Eucaristia, onde Cristo está ressuscitado e glorioso. O Ressuscitado, para o Pe. Dehon, não é um conceito mais ou menos abstrato. É algo de muito real: vive na Eucaristia. Daí a importância do culto eucarístico na espiritualidade e do culto do Coração de Jesus.

O Coração de Jesus vive “no Espírito” como todo o Cristo. Vive também no coração daqueles que n´Ele acreditam e O amam. O Coração de Jesus é aquele “coração novo”, que Deus nos prometeu por meio de Ezequiel (11, 19), e que nos foi dado no batismo. É o “coração de carne” que, pouco a pouco, deve assumir o lugar do “coração de pedra” que levamos dentro de nós desde o nascimento e que tornámos mais duro com o nosso pecado.

S. Paulo recomenda: “Tende em vós os mesmos sentimentos que estavam em Cristo Jesus(Fil 2, 5). Ter os mesmos sentimentos, quer dizer ter o mesmo coração, amar, pensar, agir como Ele amou, pensou, agiu. Amar o próximo, como nos recomenda o Evangelho, é amar com o Coração de Jesus, é permitir a Jesus continuar a amar por meio de nós. Viver a nossa vocação de oblatos, unindo toda a nossa vida religiosa e apostólico à oblação reparadora de Cristo ao Pai, pelos homens (cf. Cst n. 6) é “inserir-nos no movimento de amor redentor” (Cst 21) suscitado por Cristo na sua Encarnação, Paixão, Ressurreição, obra do seu amor, do seu Coração.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Cônego Francisco Chiesa

Padrinho espiritual da Família Paulina

Francisco Chiesa nasceu em Cúneo, Itália, a 2 de Abril de 1874. Após terminar os estudos no Seminário de Alba, doutorou-se em Filosofia, Teologia e Direito Eclesiástico. Como sacerdote diocesano, foi professor no seminário de Alba onde conheceu Alberione ainda seminarista.

Pessoa de grande inteligência, exímio pregador e famoso por sua direção espiritual esclarecedora, foi responsável por auxiliar e aconselhar grande número de padres em sua diocese, inclusive o próprio Padre Alberione.

Por suas diversas qualidades, Padre Tiago Alberione o intitulou “padrinho espiritual” da Família Paulina. Recebeu dele conselhos e sempre contou com seu apoio na fundação e desenvolvimento da Família Paulina.

Tal era sua familiaridade de Cônego Francisco Chiesa com as fundações de Padre Alberione, que se considerava, ele próprio, um Paulino legítimo, e sentia-se orgulhoso por isso. Faleceu no dia 14 de junho de 1946 e foi proclamado venerável no dia 11 de dezembro de 1987.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Santo Antônio de Pádua (Lisboa), presbítero e doutor da igreja



Santo Antônio de Pádua é tão conhecido por seu nome de ordenação que chamá-lo pelo nome que recebeu no batismo parece estranho: Fernando de Bulhões e Taveira de Azevedo. Além disso, ele era português: nasceu em 1195, em Lisboa. De família muito rica e da nobreza, ingressou muito jovem na Ordem dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho. Fez seus estudos filosóficos e teológicos em Coimbra e foi lá também que se ordenou sacerdote. Nesse tempo, ainda estava vivo Francisco de Assis, e os primeiros frades dirigidos por ele chegavam a Portugal, instalando ali um mosteiro. 

Os franciscanos eram conhecidos por percorrer caminhos e estradas, de povoado em povoado, de cidade em cidade, vestidos com seus hábitos simples e vivendo em total pobreza. Esse trabalho já produzia mártires. No Marrocos, por exemplo, vários deles perderam a vida por causa da fé e seus corpos foram levados para Portugal, fato que impressionou muito o jovem Fernando. Empolgado com o estilo de vida e de trabalho dos franciscanos, que, diversamente dos outros frades, não viviam como eremitas, mas saiam pelo mundo pregando e evangelizando, resolveu também ir pregar no Marrocos. Entrou para a Ordem, vestiu o hábito dos franciscanos e tomou o nome de Antônio. 

Entretanto seu destino não parecia ser o Marrocos. Mal chegou ao país, contraiu uma doença que o obrigou a voltar para Portugal. Aconteceu, porém, que o navio em que viajava foi envolvido por um tremendo vendaval, que empurrou a nave em direção à Itália. Antônio desembarcou na ilha da Sicília e de lá rumou para Assis, a fim de encontrar-se com seu inspirador e fundador da Ordem, Francisco. Com pouco tempo de convivência, transmitiu tanta segurança a ele que foi designado para lecionar teologia aos frades de Bolonha. 

Com apenas vinte e seis anos de idade, foi eleito provincial dos franciscanos do norte da Itália. Antônio aceitou o cargo, mas não ficou nele por muito tempo. Seu desejo era pregar, e rumou pelos caminhos da Itália setentrional, praticando a caridade, catequizando o povo simples, dando assistência espiritual aos enfermos e excluídos e até mesmo organizando socialmente essas comunidades. Pregava contra as novas formas de corrupção nascidas do luxo e da avareza dos ricos e poderosos das cidades, onde se disseminaram filosofias heréticas. Ele viajou por muitas regiões da Itália e, por três anos, andou pelo Sul da França, principal foco dessas heresias. 

Continuou vivendo para a pregação da palavra de Cristo até morrer, em 13 de junho de 1231, nas cercanias de Pádua, na Itália, com apenas trinta e seis anos de idade. Ali, foi sepultado numa magnífica basílica romana. Sua popularidade era tamanha que imediatamente seu sepulcro tornou-se meta de peregrinações que duram até nossos dias. São milhares os relatos de milagres e graças alcançadas rogando seu nome. Ele foi canonizado no ano seguinte ao de sua morte pelo papa Gregório IX. 

Na Itália e no Brasil, por exemplo, ele é venerado por ajudar a arranjar casamentos e encontrar coisas perdidas. Há também uma forma de caridade denominada "Pão de Santo Antonio", que copia as atitudes do santo em favor dos pobres e famintos. No Brasil, ele é comemorado numa das festas mais alegres e populares, estando entre as três maiores das chamadas festas juninas. No ano de 1946, foi proclamado doutor da Igreja pelo papa Pio XII.

A Eucaristia: Sacramento da aproximação de Deus



JOÃO PAULO II

30ª AUDIÊNCIA GERAL

Quarta-feira, 13 de Junho de 1979

1. «Pange, lingua, gloriosi / Corporis mysterium / Sanguinisque pretiosi ...» (São Tomás, Hino nas I Vésp. da Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo).

Eis que se aproxima o dia, e praticamente já teve início, em que a Igreja falará, mediante a sua solene liturgia, em veneração deste mistério, de que ela vive todos os dias: a Eucaristia.Gloriosi Corporis mysterium. Sanguinisque pretiosi. O fundamento e, ao mesmo tempo, o ápice (Cfr. Const. sobre a Sagrada Liturgia, Sacrosanctum Concilium, 10). da vida da Igreja. A sua festa incessante e, ao mesmo tempo, a sua «santa quotidianidade».

Todos os anos a Quinta-Feira Santa, o início do Tríduo Sacro, reúne-os no cenáculo, onde celebramos a Memória da Última Ceia. E seria precisamente este, o dia mais adequado para meditar com veneração em tudo aquilo que para a Igreja constitui a Eucaristia, o Sacramento do Corpo e do Sangue do Senhor. Manifestou-se porém, no decurso da história, que este dia mais adequado, único, não basta. Está, além disso, inserido organicamente no conjunto da Recordação pascal; toda a Paixão, a Morte e a Ressurreição ocupam então os nossos pensamentos e os nossos corações. Não podemos, por conseguinte, dizer da Eucaristia tudo aquilo de que estão repletos os nossos corações. Assim, desde a Idade Média, precisamente desde 1264, a necessidade da oração ao mesmo tempo litúrgica e pública do Santíssimo Sacramento, encontrou a sua expressão numa solenidade à parte, que a Igreja celebra na primeira quinta-feira depois do domingo da Santíssima Trindade, isto é, precisamente amanhã, começando com as vésperas do dia anterior, ou seja hoje. Desejo que esta meditação nos introduza na plena atmosfera da festa eucarística.

2. «Non est alia natio tam grandis, quae habeat deos appropinquantes sibi, sicut Deus noster adest nobis»: Não há outra nação tão grande que tenha a Divindade tão perto, quanto nós temos presente o nosso Deus» (São Tomás, Officium SS. Corporis Christi, II Nocturni; cfr. Opuscúlo 57).

Pode falar-se em diversos modos da Eucaristia. Em diversos modos já se falou dela no curso da história. É difícil dizer alguma coisa que não tenha sido já dita. E ao mesmo tempo, seja o que for que se diga, qualquer que seja a parte donde nos aproximemos deste grande Mistério da fé e da vida da Igreja, descobrimos sempre alguma coisa de novo. Não porque as nossas palavras revelem esta novidade. Ela encontra-se no mistério mesmo. Cada tentativa de viver com Ela no espírito da fé, traz consigo nova luz, nova admiração e nova alegria.

«E maravilhando-se disto, o filho do trovão, considerando a sublimidade do amor divino (...), exclamava: 'Deus amou de tal modo o mundo' (Jo. 3, 16) (...). Diz-nos, pois, ó bem-aventurado João, qual o sentido de tal modo? Diz-nos a medida, diz-nos a grandeza, ensina-nos a sublimidade. Deus amou de tal modo o mundo ...» (São João Crisóstomo, In cap. Genes. VIIIHomilia XXVII, 1; Opera omnia (Migne), 4, 241).

A Eucaristia aproxima-nos de Deus de modo estupendo. E é Sacramento da vizinhança d'Ele em relação ao homem. Deus, na Eucaristia, é precisamente este Deus que desejou entrar na história do homem. Quis aceitar a humanidade mesma. Quis fazer-se homem. O Sacramento do Corpo e do Sangue recorda-nos continuamente a Sua Divina Humanidade.

Cantamos «Ave, verum corpus, natum ex Maria Virgine». E vivendo com a Eucaristia, encontramos de novo toda a simplicidade e profundidade do mistério da Encarnação.

É o Sacramento da descida de Deus até ao homem, da aproximação de tudo o que é humano. É o Sacramento da divina «condescendência» (Cfr. São João Crisóstomo, In Genes. 3, 8; HomiliaXXVII, 1; PG 53, 134). A divina entrada na realidade humana atingiu o próprio auge mediante a paixão e a morte. Mediante a paixão e a morte na Cruz, o Filho de Deus Encarnado tornou-se, de maneira particularmente radical, o Filho do Homem, participou até ao fundo no que é a condição de cada homem. A Eucaristia, Sacramento do Corpo e do Sangue, recorda-nos sobretudo esta morte, que sofreu Cristo na cruz; recorda-a e renova em certo modo, isto é, de modo incruento, a sua realidade histórica. Testemunham-no as palavras pronunciadas no cenáculo sobre o pão e o vinho separadamente, as palavras que, na instituição de Cristo, realizam o Sacramento do seu Corpo e do seu Sangue; o Sacramento da morte, que foi sacrifício expiatório. O Sacramento da morte, em que se exprimiu todo o poder do amor. O Sacramento da morte, que esteve em dar a vida para reconquistar a plenitude da vida.

«Manduca vitam, bibe vitam: habebis vitam, et integra est vita» (come a vida, bebe a vida: terás a vida, e é a vida total) (Santo Agostinho, Sermones ad populum, Series I, Sermo CXXXI, I, 1).

Mediante este Sacramento é continuamente anunciada, na história do homem, a morte que dá a vida (Cfr. 1 Cor. 11, 26).

Continuamente se realiza naquele sinal simplicíssimo, que é o sinal constituído pelo Pão e o Vinho. Deus está nele presente e perto do homem com aquela penetrante vizinhança da sua morte na cruz, da qual brotou o poder da Ressurreição. O homem, mediante a Eucaristia, torna-se participante deste poder.

3. A Eucaristia é Sacramento da Comunhão. Cristo dá-se a si mesmo a cada um de nós, que O recebemos sob as espécies eucarísticas. Dá-se a si mesmo a cada um de nós, que comemos o Alimento eucarístico e bebemos a eucaristia Bebida. Este amor é sinal da Comunhão. É sinal da união espiritual, em que o homem recebe Cristo, é-lhe oferecida a participação no Seu Espírito, encontra n'Ele, particularmente íntima, a relação com o Pai; sente particularmente íntima a relação com o Pai; sente particularmente próximo o acesso a Ele.

Diz um grande poeta (Mickiewicz, Colóquios da tarde):

«Contigo falo eu, que reinas no céu e ao mesmo tempo és hóspede / na casa do meu espírito ... / Contigo falo eu! as palavras faltam-me para Ti; / o Teu pensamento escuta cada pensamento meu; / reinas longe e serves perto, / Rei nos céus e no meu coração na cruz ...».

Aproximamo-nos, de facto, da Comunhão eucarística rezando antes o «Pai nosso».

A Comunhão é laço bilateral. Convém-nos portanto dizer que não só recebemos nós a Cristo, não só cada um de nós O recebe neste sinal eucarístico, mas dizer também que recebe Cristo a cada um de nós. Ele aceita sempre, por assim dizer, o homem neste Sacramento, torna-o seu amigo, assim como disse no cenáculo: Vós sois meus amigos (Jo. 15, 14). Este acolhimento e a aceitação do homem por parte de Cristo é benefício inaudito. O homem sente profundissimamente o desejo de ser aceite,. Toda a vida do homem se orienta nesta direcção, para ser acolhido e aceite por Deus; e isto exprime-o sacramentalmente a Eucaristia. Todavia o homem deve, como diz São Paulo, examinar-se a si mesmo (Cfr. 1 Cor. 11, 26), se é digno de ser aceite por Cristo. A Eucaristia é, em certo sentido, um desafio constante para o homem procurar ser aceite, para adaptar a sua consciência às exigências da santíssima Amizade divina.

4. Desejamos exprimir, no quadro desta solenidade de hoje, como também no próximo domingo e em cada dia, esta particular e pública veneração e amor, com que rodeamos sempre o Santíssimo Sacramento. Permiti que, neste momento, os meus pensamentos voltem, uma vez mais, à Polónia, donde voltei há poucos dias. Foram dias aqueles, de especial peregrinação pela terra em que nasci e fui educado entre os homens, a que não deixo de estar ligado com os laços mais profundos da fé, da esperança e da caridade. Desejo, uma vez mais, agradecer cordialissimamente a todos os meus Compatriotas. Agradeço às Autoridades estatais; agradeço aos meus Irmãos no Episcopado; agradeço a todos.

Pois, lá precisamente, na minha terra natal, aprendi a fervorosa veneração e o amor da Eucaristia. Lá aprendi o culto ao Corpo do Senhor. Na festa do «Corpus Domini» realizam-se de há séculos as procissões eucarísticas, em que os meus Compatriotas procuravam exprimir comunitária e publicamente o que representa para eles a Eucaristia. E também hoje o fazem. Uno-me pois espiritualmente a eles, quando pela primeira vez tenho a alegria de celebrar a solenidade do Corpo e do Sangue de Cristo aqui, na Cidade Eterna, na qual Pedro, de geração em geração, responde em certo modo a Cristo: Senhor ..., tu sabes que te amo ... Senhor, tu sabes que te amo (Jo. 21, 15-17). A Eucaristia é, em certo modo, o ponto culminante desta resposta. Desejo repeti-la, juntamente com toda a Igreja, Àquele que manifestou o seu amor mediante o Sacramento do seu Corpo e do seu Sangue, permanecendo connosco até ao fim do mundo (Mt. 28, 20).

***

Saudações

Aos Missionários do Burundi

Não posso ocultar-vos, irmãos e irmãs caríssimos, o sentimento de aguda e profunda dor que sentiu o meu coração ao receber as graves noticias das expulsões de 70 missionários da República do Burundi, que se deram na semana passada enquanto eu estava na Polónia. São sacerdotes, religiosos e leigos, de instituições e iniciativas missionárias, conhecidas e estimadas pelo zelo de evangelização no mundo inteiro. A minha solidariedade vai, antes de tudo, para as comunidades católicas das dioceses, e em primeiro lugar para os seus Pastores, privados dum momento para o outro de auxílios válidos e qualificados em vários sectores da vida pastoral, da formação do clero, de escolas e obras de caridade e de promoção humana; o meu pensamento afectuoso vai para esses missionários arrebatados à vinha do Senhor a que se tinham dedicado. Do mesmo modo, fico profundamente entristecido com o pensamento de que a Igreja — universal na sua missão e na solicitude para com todos os povos, e que, mesmo entre dificuldades, não pode deixar de "sentir-se de casa" em qualquer País do mundo (o Burundi, além disso, tem número importante de população católica) — não teve tempo de examinar em que ponto cada um pode ter faltado — se faltou à lealdade e ao respeito que a nossa missão religiosa requer e que em toda a parte observamos para com Autoridades e instituições civis. Se acontece que alguém erre no seu comportamento, penso que a Autoridade da Igreja tem motivo para esperar confiança por parte da Autoridade civil, especialmente quando mantém com esta relações oficiais. A Igreja deu prova de espírito de colaboração e saberá, se necessário, intervir e corrigir, enquanto por seu lado Ela não pode deixar de confiar no espírito de compreensão e diálogo das autoridades civis.

Filhos caríssimos, rezai comigo para que à Igreja no Burundi seja conservado o auxílio espiritual dos Missionários, a ferida possa curar-se e o diálogo se retome e continue para vantagem da comunidade católica e de toda a Nação burundense a mim tão querida.

Aos Doentinhos

Dirijo a minha habitual e afectuosa saudação a Vós, caríssimos enfermos, participantes na Audiência Geral de hoje.

Neste mês de Junho, consagrado ao Sagrado Coração de Jesus, é para mim natural e agradável exortar-vos a que dirijais o vosso ânimo, as vossas esperanças e as vossas orações a esse Coração "que tanto amou os homens" e continua a amá-los com o seu duplo amor, divino e humano, sobretudo aqueles que têm maiores tribulações, lágrimas e dores.

Do Coração de Cristo, "cheio de bondade e amor", podereis vós receber apoio e conforto para o vosso sofrimento, paz para o vosso espírito e mérito para todas as vossas penas.

Aos jovens Casais

Também a Vós, caríssimos Jovens Casais, ao mesmo tempo que transmito a expressão da minha cordial e augural saudação e do meu intenso gosto pela vossa agradável presença, dirijo a paternal exortação a que tenhais sempre fixo o vosso olhar no Sagrado Coração de Jesus, "rei e centro de todos os corações".

D'Ele aprendereis as grandes lições do amor, da bondade, do sacrifício e da piedade, tão necessárias a todo o lar cristão.

D'Ele recebereis força, serenidade, alegria autêntica e profunda para a vossa vida conjugal. Atraireis a Sua bênção se a Sua imagem, além de estar impressa nas vossas almas, estiver sempre exposta e honrada entre as vossas paredes domésticas.

À juventude

Desejo agora dirigir uma saudação especial aos rapazes e aos jovens que estão no meio de vós. Eles, como são objecto de amor para os seus pais, assim o são para o Papa. E como são levados por natureza a procurar e amar a verdade sem ficções, eu exorto-os vivamente a uma busca sempre profunda e amorosa de Jesus "Caminho, Verdade e Vida", e a abraçarem com entusiasmo a Sua mensagem. Com a minha afectuosa Bênção.

terça-feira, 12 de junho de 2012

A IGREJA NO BRASIL, SEMPRE MAIS COMUNICATIVA - 3º ENCONTRO NACIONAL DA PASCOM (PRIMEIRA PARTE)



Entrevista com Ir. Élide Fogolari, assessora da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB

BRASÍLIA, terça-feira, 06 de março de 2012 (ZENIT.org)- “Identidade e Missão” é o tema do 3º Encontro Nacional da Pascom (pastoral da comunicação) que se realizará em Aparecida do Norte dos dias 19 a 22 de Julho desse ano. O evento é promovido pela CNBB e contará com a presença de ilustres comunicadores. 

Entre os muitos temas a serem tratados destacamos principalmente: O que é a Pastoral da Comunicação e como se organiza, webjornalismo, Redes sociais, Crimes na Internet, RIIBRA (rede de informática da Igreja no Brasil) e Linguagem específica da Web Rádio.

Sua Eminência, o Cardeal Dom Raymundo Damasceno Assis, presidente da CNBB, presidirá a missa de clausura do evento no dia 22.

É um evento para “todas as pessoas que fazem comunicação católica no Brasil e que desejam aprimorar o ser e o fazer evangelização através da comunicação”, afirma a irmã Élide Fogolari, religiosa Paulina, assessora da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB.

Na tarde de ontem, Zenit pôde entrevistar brevemente a irmã Élide na sede da CNBB em Brasília para que ela nos informasse um pouco mais sobre o significado e a importância da pastoral da Comunicação e do 3º Pascom para a Igreja do Brasil.

Para obter maiores informações sobre o 3º Pascom, ver a programação completa, palestrantes, hospedagem e inscrição acesse o site da CNBB www.cnbb.org.br ou o blog do encontrowww.encontropascombrasil.blogspot.com

Publicamos hoje a primeira parte da entrevista.

O que é a Pastoral da Comunicação (Pascom)?

Ir. Élide Fogolari: Veja bem, a Pastoral da Comunicação parece ser uma outra dimensão da comunicação. Mas, a melhor definição é: a comunicação na Igreja é denominada pastoral. Porque toda ação comunicativa da Igreja sempre tem a intenção de evangelizar, de anunciar a boa nova de Jesus Cristo a todos, etc. Isso vai dar sentido à pastoral. Então, toda comunicação na Igreja é denominada Pastoral da Comunicação.

Como nasceu a Pascom na CNBB?

Ir. Élide Fogolari: Há uns 30 anos atrás, quando a CNBB veio para Brasília, um grupo de bispos com Dom Eugênio Sales deram início a uma estruturação da comunicação aqui na CNBB. E ali foram se desdobrando todas as atividades da comunicação, inclusive a pastoral da comunicação.

Dos dias 19 a 22 de Julho desse ano se terá em Aparecida o 3º Encontro Nacional da PASCOM. Qual é a contribuição que esse evento dará para um comunicador católico?

Ir. Élide Fogolari: Contribui de vários modos. Primeiro o sentido do lugar onde está sediado o evento, que é um sentido bastante pastoral, motivador. Eu sempre digo que é aos pés de Maria que nós vamos aprender a ser comunicadores como ela foi e continua sendo, dando Jesus ao mundo.

Em segundo lugar ou como segunda motivação é convocar todas as pessoas que trabalham com a comunicação da Igreja no Brasil, sejam eles profissionais, sejam eles amadores, sejam pessoas não comprometidas ou pessoas que desejam se comprometer. Para que? Para que essas pessoas durante esses dias através de seminários, oficinas e mesas redondas possam discutir a comunicação nos seus vários aspectos; seja ela impressa, seja ela visual... Um outro momento é dar a oportunidade da troca de experiências que se realizam na Igreja do Brasil. E é por isso que estamos realizando esse 3º PASCOM, pois se percebe esse resultado: as pessoas se animam, se entusiasmam, se motivam e querem isso.

Então não será restrito só para os comunicadores profissionais?

Ir. Élide Fogolari: Não. Se reunirão os profissionais, os especialistas da comunicação que trabalham com a comunicação, e também estarão aquelas pessoas que estão na prática, mas que não tem tanta formação. E eles vão lá porque é uma troca de experiência, e é isso que os motiva a ir.

E os bispos estão enviando seus leigos?

Ir. Élide Fogolari: Os bispos estão muito interessados em enviar seus leigos, porque eles percebem que essas pessoas, quando regressam para as suas dioceses, desde o primeiro Pascom até esse terceiro, contribuem muito porque percebem que vale a pena trabalhar com a comunicação. E isso porque não é só para anunciar o Reino de Deus, mas também para construir uma sociedade mais humana, mais justa e fraterna.

Então, o PASCOM não quer só contribuir para a comunicação da Igreja no Brasil, mas também quer contribuir para a comunicação do Brasil?

Ir. Élide Fogolari: Sim. Queremos que também a comunicação institucional possa usufruir do Pascom. As pessoas vão perceber que vão para esse encontro, não somente para que depois estejam continuando na comunicação em quanto anunciar a Boa Nova. Mas, voltando, eles motivam também os profissionais que estão nas suas cidades a se engajarem numa comunicação que seja mais justa, mais digna, numa comunicação que é um direito nosso, na verdade, na justiça, no social.

Por Thácio siqueira

segunda-feira, 11 de junho de 2012

São Barnabé, Apóstolo



São Barnabé segundo fontes antigas nos referem que Barnabé, chamado apóstolo pelos próprios Atos, embora não pertencesse aos Doze, teria sido um dos setenta discípulos de que fala o Evangelho. Como São Paulo Apóstolo, foi discípulo de Gamaliel: "José a quem os apóstolos haviam dado o cognome de Barnabé, que quer dizer "filho da consolação ", era um levita originário de Chipre. Sendo proprietário de um campo, vendeu-o e trouxe o dinheiro, depositando-o aos pés dos apóstolos" (At 4.36-37).

Foi a figura de primeira grandeza na fervorosa comunidade cristã, que floresceu em Jerusalém após o dia de Pentecostes. Barnabé era muito considerado entre os Apóstolos, que o escolheram para a evangelização de Antioquia. É o homem das felizes intuições.Em Antioquia percebeu que aquele era o terreno preparado para receber a palavra de Deus. Foi a Jerusalém relatar isso e pedir para levar consigo o recém-convertido Saulo. Começou assim a extraordinária dupla.

Saulo que desde então preferia ser chamado com o nome romano de Paulo e Barnabé, contentes por terem aberto o caminho para o anúncio do Evangelho entre os pagãos, partiram para outras incumbências. Começaram por Chipre, pátria de Barnabé, que havia levado consigo o jovem primo João Marcos, o futuro evangelista. Depois continuaram seguindo a mais arriscada viagem missionária, Paulo achou melhor separar-se de Barnabé, que ficou em Chipre. Paulo e Barnabé, duas personalidades diferentes, que se completavam reciprocamente.

Não temos notícias dele depois da separação de Paulo. Escritos apócrifos falam de uma viagem sua a Roma e do seu martírio acontecido mais ou menos no ano 70, em Salamina, pelas mãos dos judeus da diáspora, que o teriam apedrejado.

domingo, 10 de junho de 2012

10º DOMINGO DO TEMPO COMUM


Leituras: Gn 3,9-15; Sl 129(130),1-2.3-4ab.4c-6.7-8 (R/.7); 2Cor 4,3-18-5,1; Mc 3,20-35

Tive a curiosidade de contar quantas vezes aparece o verbo dizer no evangelho de hoje. Conte para você ver. Parece que o evangelista quer salientar aqui o que o povo anda dizendo de Jesus. Jesus toma posição e funda uma nova família. 

1. O QUE ANDAM DIZENDO OS PARENTES DE JESUS? 

A “casa” de Jesus anda cercada de carentes, aleijados, doentes etc. É nesse meio que Jesus se sente “em casa”. Mas os parentes de Jesus não o compreendem, não conseguem entender sua ação libertadora. Eles diziam que Jesus estava fora de si, e queriam agarrá-lo, ou seja, impedir a realização de seu projeto libertador. 

2. O QUE ANDAM DIZENDO OS DOUTORES DA LEI? 

Eles vinham de Jerusalém, centro da oposição ao projeto de Jesus. Eles diziam que Jesus está possuído por Beelzebu e que é pelo chefe dos demônios que ele expulsa os demônios. Duas fortes acusações a Jesus, a de seus parentes carnais e a de sua família religiosa. 

3. JESUS RESPONDE COM TRÊS IMAGENS 

Nas duas primeiras, ele diz que o reino, ou a família de Satanás, não pode brigar contra si mesma, pois assim ela seria destruída. A 3ª é a do assalto à casa. É Jesus que é o homem forte, que amarra Satanás e rouba-lhe os seus bens. Satanás é o chefe supremo dos demônios. Os bens de Satanás são as pessoas oprimidas, despersonalizadas e marginalizadas pelo sistema social, político e religioso da época. Na verdade, estas pessoas foram aprisionadas por Satanás e Jesus vem libertá-los. 

4. O PECADO CONTRA O ESPÍRITO SANTO 

É o pecado de não aceitar que é o Espírito Santo quem atua em Jesus. É não aceitar sua libertação física e espiritual através da doação de sua vida e do perdão. É fechar-se em si mesmo e não querer ser perdoado por Jesus. É não acreditar na força e no poder de Jesus. 

5. A NOVA FAMÍLIA DE JESUS 

Jesus rejeita aqueles que querem estar ligados a ele apenas pelo parentesco de sangue, ou de nacionalidade ou de religião. Ele funda uma nova família, constituída daqueles que estão AO REDOR DELE, daqueles que têm a coragem de passar DO LADO DE FORA para o LADO DE DENTRO, ou seja, para dentro do seu projeto libertador dos pobres e oprimidos. É essa a vontade de Deus, e só quem se dispõe a fazer a vontade de Deus é que faz parte da nova família de Jesus. Será que todos os que frequentam a Igreja fazem parte da nova família de Jesus?


Dom Emanuel Messias de Oliveira
Bispo Diocesano de Caratinga

LEITURA ORANTE: A perda é salvação

Quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará. Preparo-me para a Leitura Orante, rezando com todos os que, nesta rede da...