segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Porque dobram os sinos?

“Paris vaut bien une messe!”
A Conferência do Clima de Paris (COP 21) inicia seus trabalhos nesta segunda-feira. O desafio da COP 21 é chegar a um acordo mundial sobre a redução da emissão de gases de efeito estufa que destroem a camada de ozônio da atmosfera, causando aquecimento climático.

O contexto socioambiental e político não poderia ser mais instigante! O aquecimento global está provocando efeitos catastróficos em todo mundo de tal modo que se faz sentir em nossa pele no cotidiano de nossas vidas. Para o Papa Francisco, em sua EncíclicaLaudato Si, não basta reduzir as ações ecologicamente nocivas, como também é necessário uma mudança de atitude em favor de uma ecologia integral, de valorização da vida humana e de respeito ao meio ambiente!
Após a COP 20 do Rio de Janeiro, Paris, como sede da 21ª Conferência, tem também uma força simbólica traduzida pelos valores da fraternidade, solidariedade e igualdade, definidoras da cultura contemporânea ocidental.
Com apenas uma semana de antecedência aos atentados em Paris, na sexta-feira anterior, aconteceu o desastre socioambiental provocado pelo rompimento da barragem de rejeito da mineradora SAMARCO, em Mariana – MG.
Num gesto de solidariedade, o Arcebispo Arquidiocesano de Belo Horizonte, Dom Walmor, e bispos auxiliares, proclamam: “que sejam tocados os sinos das igrejas no dia 30 de novembro, ocasião do início dos trabalhos, em Paris, da COP 21. Ao meio-dia, durante três minutos, sejam tocados os sinos de todas as comunidades das Paróquias, de modo que toda a Arquidiocese de Belo Horizonte, pelo badalar dos sinos, como uma prece, manifeste sua esperança de que as ações ali decididas paralisem o aquecimento global e que também cessem todas e quaisquer formas de terrorismo no mundo.
E, sob o impacto da destruição de vidas humanas, fauna, flora, córregos e rios, de Mariana e cidades ribeirinhas do Rio Doce e afluentes, em Minas Gerais e no Espírito Santo, pela lama avassaladora que se desprendeu das barragens e sob o impacto do terrorismo praticado na França, viveremos um momento oportuno para uma forte manifestação, durante a realização da 21ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 21)” (www.arquidiocesebn.org.br).

A Escola Superior Dom Helder Câmara, através de seu Programa de Pós-Graduação em Direito Ambiental, Mestrado em Direito Ambiental e Desenvolvimento Sustentável, promoveu uma campanha de donativos às vitimas da SAMARCO e instituiu uma Comissão Permanente para discutir, a partir do desastre em Mariana, a legislação, licenciamento e fiscalização da atividade mineradora das Minas Gerais.
Neste dia 30, pontualmente ao meio-dia, quando os sinos estiverem dobrando pela COP 21 e pelas vítimas do desastre em Mariana, a Escola Superior Dom Helder Câmara estará oficializando, em reunião do Colegiado, uma Ação Civil Pública para exigir reparação dos danos ambientais, indenização às vítimas e apoio ao Ministério Público Federal e Estadual na apuração das responsabilidades.
Em coerência com seu Programa de Pós-Graduação, a Comunidade Acadêmica é incisiva ao proclamar que o desenvolvimento econômico, como a mineração e toda atividade industrial, não podem prescindir da sustentabilidade ambiental, do respeito aos direitos fundamentais de nossa gente, da garantia dos direitos socioambientais, especialmente das populações economicamente mais pobres, cujas vidas, existência e trabalho foram violentamente agredidas pelo desastre socioambiental em Mariana.
“Paris bem vale uma missa!” Mariana, as vítimas humanas, o Rio Doce, a fauna, a flora e todo o meio ambiente, bem valem uma missa, nossa solidariedade e ação por justiça socioambiental!
Paulo Umberto Stumpf SJ - Reitor da Dom Helder / Diretor do domtotal
Fonte: domtotal.com

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