domingo, 12 de junho de 2011

DOMINGO DE PENTECOSTES

Boletim da Sala de Imprensa da Santa Sé

(tradução de Leonardo Meira - equipe CN Notícias)




Regina Coeli - Solenidade de Pentecostes
Praça de São Pedro
Domingo, 12 de junho de 2011

Queridos irmãos e irmãs!


A solenidade de Pentecostes, que hoje celebramos, conclui o tempo litúrgico da páscoa. Com efeito, o Mistério Pascal – a paixão, morte e ressurreição de Cristo e a sua ascensão ao Céu – encontra o seu cumprimento na poderosa efusão do Espírito Santo sobre os Apóstolos reunidos juntamente com Maria, a Mãe do Senhor, e os outros discípulos. Foi o "batismo" da Igre
ja, batismo no Espírito Santo (cf. At 1,5). Como narram os Atos dos Apóstolos, na manhã da festa de Pentecostes, um ruído como de vento encheu o Cenáculo e sobre cada um dos discípulos desceram línguas como de fogo (cf. At 2,2-3). São Gregório Magno comenta: "Hoje, o Espírito Santo desceu com som improviso sobre os discípulos e mudou as mentes de seres carnais no interior do seu amor, e enquanto apareciam no exterior línguas de fogo, no interior os corações tornavam-se flamejantes, porque, acolhendo a Deus na visão do fogo, suavemente ardiam por amor" (Hom. in Evang. XXX, 1: CCL 141, 256). A voz de Deus diviniza a linguagem humana dos Apóstolos, os quais se tornam capazes de proclamar de modo "polifônico" o único Verbo divino. O sopro do Espírito Santo preenche o universo, gera a fé, arrasta à verdade, predispõe a unidade entre os povos. "Ouvindo aquele ruído, reuniu-se muita gente e maravilhava-se de que cada um os ouvia falar na sua própria língua" as "maravilhas de Deus!" (At 2,6.11).

O Beato A
ntonio Rosmini explica que "no dia de Pentecostes dos cristãos, Deus promulgou... a sua lei de caridade, escrevendo-a por meio do Espírito Santo não sobre tábuas de pedra, mas no coração dos Apóstolos, e por meio dos Apóstolos comunicando-a depois a toda a Igreja" (Catechismo disposto secondo l’ordine delle idee…
n. 737, Torino 1863). O Espírito Santo, "que é Senhor e dá a vida" – como recitamos no Credo –, procede do Pai por meio do Filho e completa a revelação da Santíssima Trindade. Provém de Deus, como sopro da sua boca e tem o poder de santificar, abolir as divisões, dissolver a confusão devida ao pecado. Ele, incorpóreo e imaterial, dispensa os bens divinos, sustenta os seres vivos, para que ajam de acordo com o bem. Como Luz inteligível, dá significado à oração, dá vigor à missão evangelizadora, faz arder os corações de quem escuta a alegre mensagem, inspira a arte cristã e a melodia litúrgica.

Queridos amigos, o Espírito Santo, que cria em nós a fé no momento do nosso Batismo, permite-nos viver como filhos de Deus, conscientes e consentindo, segundo a imagem do Filho Unigênito. Também o poder de redimir os pecados é dom do Espírito Santo; de fato, aparecendo aos Apóstolos na noite de Páscoa, Jesus soprou sobre eles e disse: "Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados" (Jo 20, 22-23). À Virgem Maria, templo do Espírito Santo, confiamos a Igreja, para que viva sempre por Jesus Cristo, da sua Palavra, dos seus mandamentos, e sob a ação perene do Espírito Paráclito anuncie a todos que "Jesus é o Senhor!" (1 Cor12,3).

quinta-feira, 9 de junho de 2011

BEATO JOSÉ DE ANCHIETA, PRESBÍTERO



José de Anchieta nasceu no dia 19 de março de 1534, na cidade de São Cristóvão da Laguna, na ilha de Tenerife, do arquipélago das Canárias, Espanha. Foi educado na ilha até os quatorze anos de idade. Depois, seus pais, descendentes de nobres, decidiram que ele continuaria sua formação na Universidade de Coimbra, em Portugal. Era um jovem inteligente, alegre, estimado e querido por todos. Exímio escritor, sempre se confessou influenciado pelos escritos de são Francisco Xavier. Amava a poesia e mais ainda, gostava de declamar. Por causa da voz doce e melodiosa, era chamado pelos companheiros de "canarinho".

Mas também tinha forte inclinação para a solidão. Tinha o hábito de recolher-se na sua cela ou de retirar-se para um local ermo a fim de dedicar-se à oração e à contemplação. Certa vez, isolou-se na catedral de Coimbra e, quando rezava no altar de Nossa Senhora, compreendeu a missão que o aguardava. Naquele mesmo instante, sentiu o chamado para dedicar sua vida ao serviço de Deus. Tinha dezessete anos e fez o voto de consagrar-se à Virgem Maria.

Ingressou na Companhia de Jesus e, quando se tornou jesuíta, seguiu para o Brasil, em 1553, como missionário. Chegou na Bahia junto com mais seis jesuítas, todos doentes, inclusive ele, que nunca mais se recuperou. Em 1554, chegou à capitania de São Vicente, onde, junto com o provincial do Brasil, padre Manoel da Nóbrega, fundou, no planalto de Piratininga, aquela que seria a cidade de São Paulo, a maior da América do Sul. No local foi instalado um colégio e seu trabalho missionário começou.

José de Anchieta não apenas catequizava os índios. Dava condições para que se adaptassem à chegada dos colonizadores, fortalecendo, assim, a resistência cultural. Foi o primeiro a escrever uma "gramática tupi-guarani", mas, ao mesmo tempo, ensinava aos silvícolas noções de higiene, medicina, música e literatura. Por outro lado, fazia questão de aprender com eles, desenvolvendo diversos estudos da fauna, da flora e do idioma.

Anchieta era também um poeta, além de escritor. É célebre o dia em que, estando sem papel e lápis à mão, escreveu nas areias da praia o célebre "Poema à Virgem", que decorou antes que o mar apagasse seus versos. A profundidade do seu trabalho missionário, de toda a sua vida dedicada ao bem do próximo aqui no Brasil, foi exclusivamente em favor do futuro e da sobrevivência dos índios, bem como para preservar sua influência na cultura geral de um novo povo.

Com a morte do padre Manoel da Nóbrega em 1567, o cargo de provincial do Brasil passou a ser ocupado pelo padre José de Anchieta. Neste posto mais alto da Companhia de Jesus, viajou por todo o país orientando os trabalhos missionários.

José de Anchieta morreu no dia 9 de junho de 1597, na pequena vila de Reritiba, atual cidade de Anchieta, no Espírito Santo, sendo reconhecido como o "Apóstolo do Brasil". Foi beatificado pelo papa João Paulo II em 1980. A festa litúrgica foi instituída no dia de sua morte.

sábado, 4 de junho de 2011

Mensagem do Papa para o 45º Dia Mundial das Comunicações Sociais


Verdade, anúncio e autenticidade de vida, na era digital

5 de Junho de 2011

Queridos irmãos e irmãs!

Por ocasião do XLV Dia Mundial das Comunicações Sociais, desejo partilhar algumas reflexões, motivadas por um fenómeno característico do nosso tempo: a difusão da comunicação através da rede internet. Vai-se tornando cada vez mais comum a convicção de que, tal como a revolução industrial produziu uma mudança profunda na sociedade através das novidades inseridas no ciclo de produção e na vida dos trabalhadores, também hoje a profunda transformação operada no campo das comunicações guia o fluxo de grandes mudanças culturais e sociais. As novas tecnologias estão a mudar não só o modo de comunicar, mas a própria comunicação em si mesma, podendo-se afirmar que estamos perante uma ampla transformação cultural. Com este modo de difundir informações e conhecimentos, está a nascer uma nova maneira de aprender e pensar, com oportunidades inéditas de estabelecer relações e de construir comunhão.

Aparecem em perspectiva metas até há pouco tempo impensáveis, que nos deixam maravilhados com as possibilidades oferecidas pelos novos meios e, ao mesmo tempo, impõem de modo cada vez mais premente uma reflexão séria acerca do sentido da comunicação na era digital. Isto é particularmente evidente quando nos confrontamos com as extraordinárias potencialidades da redeinternet e a complexidade das suas aplicações. Como qualquer outro fruto do engenho humano, as novas tecnologias da comunicação pedem para ser postas ao serviço do bem integral da pessoa e da humanidade inteira. Usadas sabiamente, podem contribuir para satisfazer o desejo de sentido, verdade e unidade que permanece a aspiração mais profunda do ser humano.

No mundo digital, transmitir informações significa com frequência sempre maior inseri-las numa rede social, onde o conhecimento é partilhado no âmbito de intercâmbios pessoais. A distinção clara entre o produtor e o consumidor da informação aparece relativizada, pretendendo a comunicação ser não só uma troca de dados, mas também e cada vez mais uma partilha. Esta dinâmica contribuiu para uma renovada avaliação da comunicação, considerada primariamente como diálogo, intercâmbio, solidariedade e criação de relações positivas. Por outro lado, isto colide com alguns limites típicos da comunicação digital: a parcialidade da interacção, a tendência a comunicar só algumas partes do próprio mundo interior, o risco de cair numa espécie de construção da auto-imagem que pode favorecer o narcisismo.

Sobretudo os jovens estão a viver esta mudança da comunicação, com todas as ansiedades, as contradições e a criatividade própria de quantos se abrem com entusiasmo e curiosidade às novas experiências da vida. O envolvimento cada vez maior no público areópago digital dos chamadossocial network, leva a estabelecer novas formas de relação interpessoal, influi sobre a percepção de si próprio e por conseguinte, inevitavelmente, coloca a questão não só da justeza do próprio agir, mas também da autenticidade do próprio ser. A presença nestes espaços virtuais pode ser o sinal de uma busca autêntica de encontro pessoal com o outro, se se estiver atento para evitar os seus perigos, como refugiar-se numa espécie de mundo paralelo ou expor-se excessivamente ao mundo virtual. Na busca de partilha, de «amizades», confrontamo-nos com o desafio de ser autênticos, fiéis a si mesmos, sem ceder à ilusão de construir artificialmente o próprio «perfil» público.

As novas tecnologias permitem que as pessoas se encontrem para além dos confins do espaço e das próprias culturas, inaugurando deste modo todo um novo mundo de potenciais amizades. Esta é uma grande oportunidade, mas exige também uma maior atenção e uma tomada de consciência quanto aos possíveis riscos. Quem é o meu «próximo» neste novo mundo? Existe o perigo de estar menos presente a quantos encontramos na nossa vida diária? Existe o risco de estarmos mais distraídos, porque a nossa atenção é fragmentada e absorvida por um mundo «diferente» daquele onde vivemos? Temos tempo para reflectir criticamente sobre as nossas opções e alimentar relações humanas que sejam verdadeiramente profundas e duradouras? É importante nunca esquecer que o contacto virtual não pode nem deve substituir o contacto humano directo com as pessoas, em todos os níveis da nossa vida.

Também na era digital, cada um vê-se confrontado com a necessidade de ser pessoa autêntica e reflexiva. Aliás, as dinâmicas próprias dos social network mostram que uma pessoa acaba sempre envolvida naquilo que comunica. Quando as pessoas trocam informações, estão já a partilhar-se a si mesmas, a sua visão do mundo, as suas esperanças, os seus ideais. Segue-se daqui que existe um estilo cristão de presença também no mundo digital: traduz-se numa forma de comunicação honesta e aberta, responsável e respeitadora do outro. Comunicar o Evangelho através dos novos midiasignifica não só inserir conteúdos declaradamente religiosos nas plataformas dos diversos meios, mas também testemunhar com coerência, no próprio perfil digital e no modo de comunicar, escolhas, preferências, juízos que sejam profundamente coerentes com o Evangelho, mesmo quando não se fala explicitamente dele. Aliás, também no mundo digital, não pode haver anúncio de uma mensagem sem um testemunho coerente por parte de quem anuncia. Nos novos contextos e com as novas formas de expressão, o cristão é chamado de novo a dar resposta a todo aquele que lhe perguntar a razão da esperança que está nele (cf. 1 Pd 3, 15).

O compromisso por um testemunho do Evangelho na era digital exige que todos estejam particularmente atentos aos aspectos desta mensagem que possam desafiar algumas das lógicas típicas da web. Antes de tudo, devemos estar cientes de que a verdade que procuramos partilhar não extrai o seu valor da sua «popularidade» ou da quantidade de atenção que lhe é dada. Devemos esforçar-nos mais em dá-la conhecer na sua integridade do que em torná-la aceitável, talvez «mitigando-a». Deve tornar-se alimento quotidiano e não atracção de um momento. A verdade do Evangelho não é algo que possa ser objecto de consumo ou de fruição superficial, mas dom que requer uma resposta livre. Mesmo se proclamada no espaço virtual da rede, aquela sempre exige ser encarnada no mundo real e dirigida aos rostos concretos dos irmãos e irmãs com quem partilhamos a vida diária. Por isso permanecem fundamentais as relações humanas directas na transmissão da fé!

Em todo o caso, quero convidar os cristãos a unirem-se confiadamente e com criatividade consciente e responsável na rede de relações que a era digital tornou possível; e não simplesmente para satisfazer o desejo de estar presente, mas porque esta rede tornou-se parte integrante da vida humana. A web está a contribuir para o desenvolvimento de formas novas e mais complexas de consciência intelectual e espiritual, de certeza compartilhada. Somos chamados a anunciar, neste campo também, a nossa fé: que Cristo é Deus, o Salvador do homem e da história, Aquele em quem todas as coisas alcançam a sua perfeição (cf. Ef 1, 10). A proclamação do Evangelho requer uma forma respeitosa e discreta de comunicação, que estimula o coração e move a consciência; uma forma que recorda o estilo de Jesus ressuscitado quando Se fez companheiro no caminho dos discípulos de Emaús (cf. Lc 24, 13-35), que foram gradualmente conduzidos à compreensão do mistério mediante a sua companhia, o diálogo com eles, o fazer vir ao de cima com delicadeza o que havia no coração deles.

Em última análise, a verdade que é Cristo constitui a resposta plena e autêntica àquele desejo humano de relação, comunhão e sentido que sobressai inclusivamente na participação maciça nos vários social network. Os crentes, testemunhando as suas convicções mais profundas, prestam uma preciosa contribuição para que a web não se torne um instrumento que reduza as pessoas a categorias, que procure manipulá-las emotivamente ou que permita aos poderosos monopolizar a opinião alheia. Pelo contrário, os crentes encorajam todos a manterem vivas as eternas questões do homem, que testemunham o seu desejo de transcendência e o anseio por formas de vida autêntica, digna de ser vivida. Precisamente esta tensão espiritual própria do ser humano é que está por detrás da nossa sede de verdade e comunhão e nos estimula a comunicar com integridade e honestidade.

Convido sobretudo os jovens a fazerem bom uso da sua presença no areópago digital. Renovo-lhes o convite para o encontro comigo na próxima Jornada Mundial da Juventude em Madrid, cuja preparação muito deve às vantagens das novas tecnologias. Para os agentes da comunicação, invoco de Deus, por intercessão do Patrono São Francisco de Sales, a capacidade de sempre desempenharem o seu trabalho com grande consciência e escrupulosa profissionalidade, enquanto a todos envio a minha Bênção Apostólica.

Vaticano, Festa de São Francisco de Sales, 24 de Janeiro de 2011.

BENEDICTUS PP. XVI

© Copyright 2011 - Libreria Editrice Vaticana

sexta-feira, 3 de junho de 2011

SÃO CARLOS lWANGA E SEUS COMPANHEIROS, MARTIRES


(VERMELHO, PREFÁCIO PASCAL OU DOS MÁRTIRES – OFÍCIO DA MEMÓRIA)


São Carlos Lwanga e seus 21 companheiros sofreram o martirio durante o reinado de Mwanga. Por volta do ano 1885. O rei reuniu a corte numa manhã dando uma ordem estranha: "Todos entre vocês que não têm intenção de rezar podem ficar aqui ao lado do trono; aqueles, porém, que querem, rezar reúnam-se contra aquele muro". O chefe dos pagens, Carlos Lwanga, foi o primeiro a seguir até o muro, sendo seguido por outros quinze. O rei perguntou então, mas vocês rezam de verdade?. Sim meu senhor, nos rezamos. respondeu Carlos em nomes dos companheiros que ficara a noite toda rezando. Querem continuar rezando?. Sim meu senhor, até a morte. Então, matem-nos, decidiu bruscamente o rei, dirigindo-se aos algozes. Rezar, tinha-se tornado sinônimo de ser cristão, e era absolutamente proibido no reino de Mwanga, rei de Buganda, região que atualmente faz parte da Uganda.

Carlos Lwanga foi o primeiro a ser assassinado, foi queimado lentamente a começar pelos pés. Kalemba Murumba, foi abandonado numa colina com as mãos e os pés amputados, morrendo de hemorragia. André Kagua, foi decapitado e o último João Maria, f02 de Junho - São Marcelino e São Pedro.

São Marcelino era sacerdote e São Pedro cumpria o ministério de exorcista. Foi relatado por São Damasco que quando menino ouviu do próprio carrasco dos Santos o relato da morte deles. O algoz referiu que havia disposto a decapitação dos dois no centro de um bosque justamente para não ficar nenhuma lembrança: ambos tiveram de limpar com as próprias mãos a pequena superfície que ia banhar-se de sangue.

Os corpos desses mártires ficaram escondidos por algum tempo, numa límpida gruta, até que, impulsionada pela devoção, Lucila, piedosa matrona, deu-lhe digna sepultura. Desde 1751 a basílica dos santos Marcelino e Pedro, edificada sobre alicerces que parecem remontar à segunda metade do século IV e onde se encontra talvez a morada de um dos dois santos titulares, esta localizada onde avia Labicana cruza com a via Merulana , nas proximidades de São João de Latrão e Santa Maria Maior. Foi lançado em um pântano.

São Carlos Lwanga e os 21 mártires ugandenses, foram beatificados por Bento XV e canonizados por Paulo VI no dia 18 de outubro de 1964, na presença dos padres do Concílio Vaticano II, e o próprio Paulo VI consagrou em 1969 o altar do grandioso santuário que surgiu em Namugongo, onde os três pajens guiados por Carlos Lwanga quiseram rezar até a morte

Deles, disse Paulo VI:

"Quem são? Africanos, autênticos. Africanos pela cor, pela raça e pela cultura, representantes qualificativos das populações bantos e milóticas ... Seria história demasiado longa para ouvir-se: as torturas corporais, as decisões arbitrárias e despóticas dos chefes são, nela, coisa gratuita e dão testemunho de tanta crueldade, que a nossa sensibilidade ficou profundamente perturbada. Esta narração quase parecia inverosímil: não é fácil imaginarmos as condições desumanas - tanto elas nos parecem incompreensíveis e intoleráveis - no meio das quais subsiste, e se mantém, quase até nossos dias, a vida de muitas comunidades tribais da África. Esta história precisaria ser meditada com vagar ... "

São Carlos Lwanga e companheiros, rogai por nós!

domingo, 3 de abril de 2011

4º DOMINGO DA QUARESMA

Domingo, 03 de abril de 2011

1ª Leitura: 1Sm 16,1b.6-7.10-13a

Salmo: Sl 22(23) (R/. 1: “O Senhor é o pastor que me conduz;/ não me falta coisa alguma.”)

2ª Leitura: Ef 5,8-14

Evangelho: Jo 9,1-41


REFLEXÃO


Os textos de hoje nos falam da arrogância dos que tentam se evadir dos desígnios de Deus. Na primeira leitura, temos a confirmação de que o menor, aquele em que ninguém pensara, se converte no justo e no eleito de Deus, que supera todos os irmãos maiores. "O olhar de Deus não é como o olhar do homem, pois o homem olha as aparências, mas o Senhor olha o coração."


Paulo nos conclama a sermos filhos da luz e darmos frutos de bondade, justiça e verdade. E ele afirma que a esterilidade dos que se escondem nas trevas deve ser denunciada: "O que esta gente faz em segredo, é vergonhoso até dizê-lo".


O evangelho nos mostra que o cego de nascença não pede a Jesus que lhe conceda a visão, nem Jesus lhe pergunta se quer ver. Ele apenas evidencia como a ação de Deus deve se manifestar. E, a partir da sua cura, um processo lento e progressivo se desencadeia até que reconheça Aquele que o libertou das trevas. Todos os demais, fariseus, pais e mestres da Lei, permanecem nas trevas e o expulsam da sinagoga.


O detalhe mais vital desta narrativa é que aquele-que-era-cego só reconhece Jesus quando se torna como Ele, um proscrito. Com todas as suas amarras sociais e religiosas rompidas, o cego é capaz de proclamar: "Creio, Senhor". Ele participa da verdade mais profunda do outro, das suas fragilidades e esperanças. Ele, que agora vê, pode caminhar na lealdade da vida e do projeto histórico de Jesus. Aquele que declarou que veio para os pecadores e doentes nos revela que só os proscritos pelo mundo é que terão condição de reconhecê-Lo e caminhar, lado a lado, com Ele. Os que trazem o sinal da proscrição, como Jesus, serão sempre Caim para os homem e Abel para Deus.


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Pe. Paulo Botas, mts

sábado, 26 de março de 2011

3º DOMINGO DA QUARESMA

Domingo, 27 de março de 2011

1ª Leitura: Ex 17,3-7

Salmo: Sl 94(95) 1-2.6-7.8-9. (R/. 8: “Hoje não fecheis o vosso coração, mas ouvi a voz do Senhor!”)

2ª Leitura: Rm 5,1-2.5-8

Evangelho: Jo 4,5-15.19b-26.39ª.40-42


REFLEXÃO


Os textos de hoje a importância vital da água para a manutenção da Vida. Na primeira leitura, o povo cansado da liberdade e com sede reclama do Senhor. Provoca-O e O tenta. O Senhor, na sua misericórdia, se mostra rochedo e deste rochedo brota a água que, matando a sede do povo inconformado, o recoloca na travessia para a liberdade. Paulo nos vai afirmar que a água que mata a nossa sede "é o amor de Deus derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado".


O Evangelho nos mostra Jesus pedindo água para uma mulher samaritana. Ao oferecer o dom da água viva, que a mulher pensa ser uma mina d'água, ela, carinhosamente lembra Jesus que Ele não tem um balde. Jesus, ao não condenar a samaritana e nem julgá-la, abre o coração desta mulher e dialoga com ela sobre a adoração do Senhor, diante da qual nossos tropeços e fragilidades são insignificantes. Finalmente, Jesus declara a disputa superada.


A Adoração do Senhor não tem lugar e muito menos templo. A adoração do Senhor é, em espírito e verdade, no e pelo encontro amoroso do outro, diferente de nós, mas em comunhão fraterna. Devemos nos perguntar qual a sede de nossa vida, aqui e agora. E onde e que água estamos buscando para saciá-la. Quem não reconhece, em espírito e em verdade, a sua sede não busca e corre o risco de se acomodar na mediocridade, bebendo qualquer coisa que possa iludi-lo.


Temos que reconhecer que só o amor nos dá a vida e nos faz viver na verdade, matando, cotidianamente, a nossa sede e nos entusiasmando para as novas sedes que estão por vir. Nada devemos temer, na nossa travessia, porque nos foi prometido: "A quem tiver sede, darei gratuitamente da fonte da água viva" (Ap 21,6-7).

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Pe. Paulo Botas, mts

quarta-feira, 9 de março de 2011

Mensagem do Papa Bento XVI para a Campanha da Fraternidade 2011

Ao Venerado Irmão

DOM GERALDO LYRIO ROCHA
Arcebispo de Mariana (MG) e Presidente da CNBB

É com viva satisfação que venho unir-me, uma vez mais, a toda Igreja no Brasil que se propõe percorrer o itinerário penitencial da quaresma, em preparação para a Páscoa do Senhor Jesus, no qual se insere a Campanha da Fraternidade cujo tema neste ano é: "Fraternidade e vida no Planeta", pedindo a mudança de mentalidade e atitudes para a salvaguarda da criação.

Pensando no lema da referida Campanha, "a criação geme em dores de parto", que faz eco às palavras de São Paulo na sua Carta aos Romanos (8,22), podemos incluir entre os motivos de tais gemidos o dano provocado na criação pelo egoísmo humano. Contudo, é igualmente verdadeiro que a "criação espera ansiosamente a revelação dos filhos de Deus" (Rm 8,19). Assim como o pecado destrói a criação, esta é também restaurada quando se fazem presentes "os filhos de Deus", cuidando do mundo para que Deus seja tudo em todos (cf. 1 Co 15, 28).

O primeiro passo para uma reta relação com o mundo que nos circunda é justamente o reconhecimento, da parte do homem, da sua condição de criatura: o homem não é Deus, mas a Sua imagem; por isso, ele deve procurar tornar-se mais sensível à presença de Deus naquilo que está ao seu redor: em todas as criaturas e, especialmente, na pessoa humana há uma certa epifania de Deus. «Quem sabe reconhecer no cosmos os reflexos do rosto invisível do Criador, é levado a ter maior amor pelas criaturas» (Bento XVI, Homilia na Solenidade da Santíssima Mãe de Deus, 1º-01-2010). O homem só será capaz de respeitar as criaturas na medida em que tiver no seu espírito um sentido pleno da vida; caso contrário, será levado a desprezar-se a si mesmo e àquilo que o circunda, a não ter respeito pelo ambiente em que vive, pela criação. Por isso, a primeira ecologia a ser defendida é a "ecologia humana" (cf. Bento XVI, Encíclica Caritas in veritate, 51). Ou seja, sem uma clara defesa da vida humana, desde sua concepção até a morte natural; sem uma defesa da família baseada no matrimônio entre um homem e uma mulher; sem uma verdadeira defesa daqueles que são excluídos e marginalizados pela sociedade, sem esquecer, neste contexto, daqueles que perderam tudo, vítimas de desastres naturais, nunca se poderá falar de uma autêntica defesa do meio-ambiente.

Recordando que o dever de cuidar do meio-ambiente é um imperativo que nasce da consciência de que Deus confia a Sua criação ao homem não para que este exerça sobre ela um domínio arbitrário, mas que a conserve e cuide como um filho cuida da herança de seu pai, e uma grande herança Deus confiou aos brasileiros, de bom grado envio-lhes uma propiciadora Bênção Apostólica.

Vaticano, 16 de fevereiro de 2011

LEITURA ORANTE: A perda é salvação

Quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará. Preparo-me para a Leitura Orante, rezando com todos os que, nesta rede da...